Apesar de preços firmes para carne de frango, foco do mercado vira Doença de Newcastle

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Porto Alegre, 19 de julho de 2024 – O mercado brasileiro de frango registrou preços firmes para o vivo e acomodados para o atacado durante a semana. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, apesar da firmeza dos preços durante a semana, o foco do mercado virou a Doença de Newcastle, que desestabilizou as ações de frigoríficos e causou instabilidade na Bolsa de Valores.

Doença de Newcastle

Por conta da ocorrência de um foco de Doença de Newcastle em uma ave de estabelecimento comercial em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura e Pecuária decidiu adotar um autoembargo às exportações de carne de frango, ovos e demais produtos avícolas por um prazo de 21 dias, de acordo com os requisitos sanitários acordados com cada país importador.

De acordo com Iglesias, o foco da doença é uma consequência das enchentes ocorridas em maio no Rio Grande do Sul, que aumentou as vulnerabilidades em um ambiente que tinha, até então, grande controle.

Um ofício com as restrições às exportações tanto do Brasil, quanto do Rio Grande do Sul foi enviado aos servidores da defesa agropecuária brasileira. O documento é assinado pela diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, e pela diretora-substituto do Departamento de Saúde Animal, Paola Frassinetti Nunes Machado de Oliveira.

As restrições atendem a requisitos pré-estabelecidos nos Certificados Sanitários Internacionais (CSI), acordados com os clientes do país. Alguns embargos atingem a produção de todo o território nacional. Outros são focados em estabelecimentos gaúchos. Alguns miram apenas as proximidades de onde foi identificado o foco da doença.

De acordo com o consultor, o prejuízo maior será sentido pelo Rio Grande do Sul, que deixará de embarcar carne de frango, ovos e produtos avícolas para vários mercados, muito embora também haja perdas em âmbito nacional, com o bloqueio de vendas para a Argentina e União Europeia.

No caso específico do Rio Grande do Sul, conforme informações destacadas no ofício, a restrição aos embarques atinge produtos avícolas gaúchos com destino à África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, China, Cuba, Egito, Filipinas, Georgia, Hong Kong, India, Jordânia, Kosovo, Macedônia, México, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Peru, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietnã.

Além disso, a portaria do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), de número 702, de 18 de julho de 2024, assinada por Carlos Fávaro e publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União, declarou estado de emergência zoossanitária no Estado do Rio Grande do Sul por noventa dias, em função da detecção da infecção pelo vírus patogênico da doença em aves comerciais.

Mercado atacadista

Em relação ao mercado atacadista, Iglesias destaca que os preços voltaram a apresentar firmeza durante a semana. “O ambiente de negócios sugere para menor espaço para reajustes dos preços no decorrer da segunda quinzena do mês, período pautado por menor apelo ao consumo. De qualquer forma, a primeira quinzena de agosto é bastante promissora, considerando que além da entrada dos salários na economia há também o adicional de demanda relacionado ao Dia dos Pais”, explicou.

Preços internos

Segundo levantamento de Safras & Mercado, no atacado de São Paulo os preços dos cortes congelados de frango não tiveram mudanças ao longo da semana. O preço do quilo do peito teve estabilidade de R$ 9,60, o quilo da coxa caiu de R$ 6,70 para R$ 6,60 e o quilo da asa de R$ 10,10 para R$ 9,80. Na distribuição, o preço do quilo do peito seguiu em R$ 9,70, o quilo da coxa desvalorizou de R$ 6,80 para R$ 6,70 e o quilo da asa de R$ 10,20 para R$ 9,90.

Nos cortes resfriados vendidos no atacado, o cenário da semana também apresentou alterações nas cotações durante a semana. No atacado, o preço do quilo do peito continuou em R$ 9,70, o quilo da coxa recuou de R$ 6,80 para R$ 6,70 e o quilo da asa de R$ 10,20 para R$ 9,90. Na distribuição, o preço do quilo do peito permaneceu em R$ 9,80, o quilo da coxa teve desvalorização de R$ 6,90 para R$ 6,80 e o quilo da asa de R$ 10,30 para R$ 10,00.

O levantamento mensal realizado por Safras & Mercado nas principais praças de comercialização do Brasil apontou que, em Minas Gerais, o quilo vivo subiu de R$ 5,10 para R$ 5,20, e em São Paulo, de R$ 5,00 para R$ 5,25.

Na integração catarinense a cotação do frango permaneceu em R$ 4,25. Na integração do oeste do Paraná, a cotação seguiu em R$ 4,00 e, na integração do Rio Grande do Sul, em R$ 4,00.

No Mato Grosso do Sul, o preço do quilo vivo do frango aumentou de R$ 4,75 para R$ 5,00, em Goiás de R$ 4,85 para R$ 5,05 e, no Distrito Federal, de R$ 4,90 para R$ 5,05.

Em Pernambuco, o quilo vivo valorizou de R$ 5,20 para R$ 5,90, no Ceará de R$ 5,10 para R$ 5,80 e, no Pará, de R$ 5,25 para R$ 5,95.

Exportações

As exportações de carne de aves e suas miudezas comestíveis, frescas, refrigeradas ou congeladas do Brasil renderam US$ 421,148 milhões em julho (10 dias úteis), com média diária de US$ 42,114 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 223,5 mil toneladas, com média diária de 22,35 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 1.884,30.

Em relação a julho de 2023, houve ganho de 12,5% no valor médio diário, avanço de 16,1% na quantidade média diária e recuo de 3,1% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior.

Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Safras News

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