Safras & Mercado divulgou nesta quinta-feira, 18, sua revisão para a safra brasileira de café 2024/25. Como esperado, o número caiu para a produção. A safra total (arábica mais conilon/canéfora) foi indicada em 66,04 milhões de sacas, ficando cerca de 4,3 milhões de sacas abaixo da ideia preliminar (70,37 milhões de sacas) e praticamente em linha com a colhida na safra passada, estimada em 65,58 milhões de sacas.
A produção de arábica é projetada em 45,3 milhões de sacas, um ligeiro avanço de 2,6% em relação à safra passada (44,18 milhões de sacas). Na estimativa preliminar, a safra de arábica 2024/25 era colocada em 47,05 milhões de sacas. Ou seja, a safra foi revisada 3,6% para menos.
Já a produção de canéfora é indicada em 20,70 milhões de sacas, recuo de 3,3% em comparação à safra anterior (21,4 milhões de sacas). Na indicação anterior de 2024/25, a safra de conilon era colocada em 23,32 milhões de sacas. Ou seja, a safra foi revisada 11% para baixo.
Segundo o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach, em relatórios anteriores, “já havíamos observado problemas com o andamento da colheita de café, sinalizando uma possível redução no tamanho da safra 2024/25 do Brasil. De fato, a produção de canéfora (conilon e robusta) foi a que mais revelou perdas em relação à ideia preliminar”, comenta. Ele observa que as temperaturas bem acima da média e o período de seca no final do ano passado, em um momento crítico ao desenvolvimento das lavouras, acabou comprometendo a produtividade dos cafezais, principalmente no Espírito Santo.
“O grande destaque negativo foi a produção de conilon capixaba. A expectativa inicial era que a produção pudesse repetir a safra de 2022/23. Porém o desenvolvimento irregular das lavouras acabou prejudicando a produtividade, resultando em uma safra menor e mais miúda”, analisou Barabach. Isso justifica o corte de mais de 2 milhões de sacas entre a expectativa inicial de 17 milhões de sacas e a ideia atual de 14,90 milhões de sacas de café conilon no Espírito Santo. Adverte que a colheita está na reta final, e o quadro produtivo segue aberto e sujeito, inclusive, a novas correções negativas.
Enquanto indicação de perdas na produção de canéfora foi se configurando desde o início da safra, as perdas na produção de arábica brasileira só ficaram mais evidentes nas últimas semanas, frente à aceleração dos trabalhos de colheita, observou Barabach. “Embora em outras regiões os ajustes foram menores, inclusive, positivos, o Sul de Minas, principal região produtora do Brasil, sentiu bastante mais a sequência de dias com temperaturas bem acima da média. Não houve abortamento, como acontece com um estresse hídrico, o que dificultou a visualização destas perdas”, comenta.
Barabach diz que o primeiro indício foi o tamanho de grão menor (peneira mais miúda), com chumbinho estagnando o crescimento devido aos episódios excesso de calor. Já com cerca de 60% da safra colhida, cresceram também os relatos de produtores apontando um resultado abaixo do esperado.
A expectativa inicial para o Sul de Minas era de 19 milhões de sacas, embora abaixo dos quase 21 milhões de sacas colhidos no excepcional ano de 20/21, ainda uma safra grande, repetindo 2018/19. Porém, a ideia atual é que o Sul de Minas colha apenas 17,40 milhões de sacas, menos que as 17,50 milhões de sacas colhidas no ano passado. “Outro problema relatado foi a dificuldade para fazer café cereja, devido ao espaço de tempo curto para colheita em virtude da maturação mais acelerada”, avaliou.
Oferta e demanda
Safras estima que os estoques finais de café da temporada 2024/25 do Brasil devem ser de 3,2 milhões de sacas de 60 quilos, com queda de 4,7% sobre os estoques finais de 3,4 milhões de sacas da temporada 2023/24.
As exportações na temporada 2024/25 devem chegar a 44,2 milhões de sacas (entre julho/junho), com queda de 6,7% sobre a temporada anterior (47,4 milhões de sacas). Segundo Barabach, com a diminuição da safra brasileira e os estoques reduzidos ao final da temporada 2023/24, devido às exportações recordes, a oferta de café para a temporada 2024/25, que inicia nesse mês de julho, ficou menor. “A escassez global de robusta, por conta de safras menores no Vietnã e problemas logísticos entre Ásia e Europa devido ao conflito no Mar Vermelho, impulsionou a demanda pelo café brasileiro, resultando em um volume de exportação acima do esperado”, comenta. “O fato é que a exportação acima do esperado ajudou a esvaziar armazéns e a reduzir os estoques para pouco mais de 3 milhões de sacas, o que corresponde à metade do volume que existia nos armazéns no início da temporada”, diz.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News
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