Analista de Safras vê muitas dúvidas sobre a importação de arroz pelo Governo Federal

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Porto Alegre, 16 de maio de 2024 – Muitas dúvidas pairam sobre as medidas do Governo Federal para a importação de 1 milhão de toneladas de arroz em virtude das cheias que atingem o Rio Grande do Sul. A afirmação é do analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.

Neste primeiro momento, já foi divulgado edital da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a importação de 104 mil toneladas de arroz branco beneficiado, na próxima terça-feira (21). “O produto tem que ser de qualidade e tem que chegar ao consumidor a R$ 4,00 o quilo ou R$ 20,00 o pacote de 5 quilos. Para chegar neste patamar, tem que ser adquirido por R$ 80,00 o fardo de 30 quilos beneficiado”, destaca. “O mais provável é que envolva subsídio para chegar ao consumidor nesse valor que o Governo Federal quer”, aposta.

Atualmente, o produto da Tailândia, por exemplo, sem a TEC, chega ao Brasil em torno de R$ 105,00 por fardo de 30 quilos. “Do Paraguai, vem no mesmo nível, entre R$ 105,00 e R$ 110,00 por fardo”, relata o analista. “A principal dúvida é a origem desse arroz que será importado”, frisa.

Em abril, comenta Oliveira, foram importadas 120 mil toneladas de arroz. “Demoramos 30 dias para importar este volume”, pondera. “Lembrando que a Índia está fora do mercado, o dólar está caro frente ao real e a única origem que resta neste momento é a Tailândia”, acrescenta.

Segundo o consultor, o Mercosul não tem condições de aumentar suas exportações. “O Paraguai não está vendendo, o Uruguai não tem grandes alterações e a Argentina está exportando somente um pouco mais”, enumera. “Os chineses são uma especulação do mercado, pois tem uma boa relação com o governo brasileiro. Eles não são exportadores, mas tem o maior estoque do mundo”, adverte.

Oliveira também acredita que este arroz importado vai competir com os produtores gaúchos que tiveram perdas pelas inundações. “Sem falar que não temos escoamento por causa dos alagamentos”, ressalta. Para ele, rizicultor gaúcho não vai ter como exportar e nem colocar o cereal no mercado interno. “Por isso, todas as entidades do setor são contra, pois vai gerar desincentivo, resultando em áreas menores para a próxima temporada”, completa.

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Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência Safras News

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