Porto Alegre, 10 de maio de 2024 – A última semana foi marcada por uma série de movimentações no mercado de feijão carioca, conforme destaca o analista e consultor da Safras & Mercado, Evandro Oliveira. As cotações tiveram uma tendência de queda, embora algumas categorias específicas tenham apresentado variações notáveis.
Um dos destaques foi a entrada de um lote de feijão carioca extra nota 9,5 EL, originário do sul de Minas, que foi negociado a um preço relativamente elevado de R$ 330,00 a saca, mais despesas. Esta oferta de alta qualidade impulsionou os negócios, refletindo a presença expressiva de compradores. Além disso, observou-se a negociação de lotes de feijão extra Dama por R$ 335,00 a saca, indicando uma demanda estável por produtos de qualidade superior.
Entretanto, os feijões de padrão extra, incluindo outras sementes, mantiveram-se estáveis, com preços negociados entre R$ 240,00 e R$ 265,00 por saca. Esta estabilidade pode ser atribuída à consistência da qualidade desses produtos.
Nos padrões comerciais, houve variação nos preços devido aos defeitos apresentados, oscilando entre R$ 155,00 e R$ 170,00 por saca para padrões entre 6,5 e 7. Já os feijões de padrão 7,5, com melhor qualidade, foram mantidos em R$ 200,00 por saca, enquanto os de padrão 8 alcançaram até R$ 220,00 por saca.
A maioria das ofertas veio do estado do Paraná, com contribuições menores de Santa Catarina e Minas Gerais. Esta distribuição geográfica das ofertas reflete as condições de cultivo e produção em diferentes regiões.
No decorrer da semana, o mercado continuou recebendo novas entradas, sem alterações significativas nos preços. As cotações permaneceram atreladas à qualidade do grão, destacando a importância desse fator na determinação dos preços de mercado.
Ao final, houve pouca movimentação e sem grandes variações nos preços. A baixa demanda tornou o cenário desafiador para os vendedores, que enfrentaram dificuldades para estimular a atividade comercial. Isso evidencia um dos grandes obstáculos da cadeia produtiva do feijão neste momento: o escoamento.
Conforme o consultor, a presença de grãos com problemas de qualidade também influenciou os preços, levando a uma maior disponibilidade de feijão a preços abaixo do custo de produção.
“Apesar dessas oscilações e desafios enfrentados pelo mercado, é reconfortante observar que não há motivos para alarmismos. O feijão continua sendo comercializado a preços justos, refletindo a dinâmica natural do mercado e a sensibilidade dos consumidores aos preços”, relata.
Importação de arroz e feijão
A importação de feijão neste momento é totalmente inviável, apontou o analista. Recentemente, o Governo Federal, ao comentar os efeitos dos temporais registrados no Rio Grande do Sul no agronegócio brasileiro, disse que o país pode precisar importar arroz e feijão para equilibrar a produção e conter o aumento dos preços.
Segundo Oliveira, o grão precisa de escoamento e consumo, pois os produtores estão enfrentando margens negativas e os compradores estão adquirindo o produto apenas conforme a necessidade imediata. Ele explicou que os negócios estão sendo fechados com cautela, os compradores sabem que os preços continuarão a cair, devido à expectativa de uma segunda safra robusta, com um aumento significativo na produção total.
“Um aumento nas importações agora só agravaria a situação dos produtores e desencorajaria a próxima safra. Os produtores seriam desmotivados a continuar com o cultivo do feijão, pois enfrentariam ainda mais prejuízos, o que os levaria a migrar para outras culturas mais rentáveis”, explica.
A colheita da 1a safra 2023/24 de feijão atingiu 86,2% da área no Brasil, com dados até 5 de maio, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na semana passada a colheita atingia 83,3%. No mesmo período do ano passado a ceifa estava completa em 95,8% da área.
Enchentes no RS
As condições climáticas foram altamente desfavoráveis para a segunda safra de feijão do Rio Grande do Sul durante a semana. As atividades de manejo e colheita e os tratos culturais foram suspensos. Inicialmente, as lavouras estavam se desenvolvendo normalmente em razão de condições ambientais adequadas, incluindo temperaturas, radiação solar e chuvas regulares.
Contudo, o elevado volume pluviométrico e a umidade atmosférica, ocorridos no período, comprometeram a qualidade dos grãos nas lavouras em estágio de maturação. A área cultivada em 2 safra, no Estado, está estimada em 19.900 hectares, e a produtividade deverá ser inferior à projetada de 1.568 kg/ha.
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Ritiele Rodrigues (ritiele.rodrigues@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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