Produtor de soja gaúcho tenta avaliar estrago após desastre climático no Estado

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Porto Alegre, 10 de maio de 2024 – A tragédia climática que atinge o Rio Grande do Sul não poupou a produção agrícola do estado. As inundações devem trazer redução na produção de soja do estado e, consequentemente, do Brasil.

Na avaliação do analista e consultor de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, ainda é um pouco cedo “para termos um número assertivo, mas certamente a gente vai reduzir nossa estimativa para a safra”.

Conforme o analista, cerca de 25% das lavouras gaúchas ainda não foram colhidas. São cerca de 5 milhões de toneladas em risco. “Não quer dizer que a gente já perdeu esse volume, mas ele está em risco”, explica.

Outro problema é que algumas áreas onde a soja já foi colhida e estava armazenada também foram inundadas. “A gente recebeu imagens de silos inundados e isto também precisa ser avaliado”, relata o consultor, acrescentando que podem ser necessárias algumas semanas para entender o tamanho do estrago.

Com o corte esperado na safra gaúcha, o recorde de 22,7 milhões de toneladas estimadas anteriormente por Safras e Mercado não vai ser alcançado. “Lamentavelmente, meu sentimento é que devemos cortar de 2 a 3 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul”, acredita Gutierrez Roque.

Mesmo com as perdas no Rio Grande do Sul, o consultor lembra que 75% da safra gaúcha de soja já tinha sido colhida e com bons rendimentos. “A gente tem uma boa parte de produção já garantida”, frisa. “A não ser que muitos mais silos tenham sido afetados, a safra gaúcha será maior que o ano passado”, completa.

Informações da Emater, em razão do evento climático adverso, que impediu a realização da colheita em vários períodos, a perspectiva da operação para as áreas ainda a serem colhidas (24%) mudou abruptamente, e as perdas de produção serão elevadas, podendo atingir até 100% das áreas remanescentes.

“Algumas infraestruturas de armazenagem de grãos também foram danificadas, o que pode afetar a produção colhida anteriormente. A colheita foi suspensa, durante todos os dias, na maior parte do Estado. Contudo nas regiões Noroeste e Campanha, onde as precipitações iniciaram em 01/05, a operação pôde ser realizada entre os dias de 29 e 30/04, mas, de maneira precária, pois os grãos estavam excepcionalmente úmidos”, aponta o relatório.

Comercialização

A comercialização da safra 2023/24 de soja do Brasil envolve 50,7% da produção projetada, conforme relatório de Safras & Mercado, com dados recolhidos até 6 de maio. No relatório anterior, com dados de 5 de abril, o número era de 41,4%.

Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 51% e a média de cinco anos para o período é de 64,8%. Levando-se em conta uma safra estimada em 151,25 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 76,645 milhões de toneladas.

Levando-se em conta uma safra mínima hipotética de 151,25 milhões de toneladas, SAFRAS projeta uma comercialização antecipada de 5,9%. Em igual período do ano passado, a comercialização antecipada era de 6% e a média para o período é de 14,9%.

Dylan Della Pasqua / Safras News

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