Governo antecipa B14 e suspende importações de biodiesel

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   Porto Alegre, 19 de dezembro de 2023 – O governo anunciou hoje a antecipação do aumento do teor de biodiesel na mistura ao óleo diesel de 12% para 14% a partir de março de 2024 e para 15% a partir de março de 2025. A variação do teor provoca o aumento da produção desse biocombustível no país e ele é direcionado a substituir a parcela do diesel importado.

Segundo a Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio), a medida representa “uma importante economia de divisas, já que esta importação de diesel custa bilhões de dólares anualmente”.

Em nota, a FPBio destacou também que o aumento da produção de biodiesel resulta em geração de negócios e de valor agregado para as cadeias da soja e de proteína animal; eleva os investimentos junto aos agricultores familiares – fornecedores de matérias-primas para o biodiesel; impacta na redução das emissões de poluentes por diversos setores econômicos, como o de transportes.

O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio), deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), elogiou a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em reunião em Brasília, presidida pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e que contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

“A decisão do CNPE é de grande importância para o setor de biodiesel. Permite ao setor ter previsibilidade de produção e a possibilidade de organização dos investimentos e dos negócios”, disse Alceu Moreira.

Antes da reunião de hoje, os 14% estavam previstos apenas para 2025 e os 15% para 2026.

O CNPE também suspendeu a importação de biodiesel. As usinas produtoras desse biocombustível ainda enfrentam ociosidade em sua capacidade instalada na casa dos 50%. O CNPE criou um grupo de trabalho para avaliar a questão da importação de biodiesel. “O Brasil continua defendendo o conteúdo local, o biodiesel nacional”, afirmou o ministro Alexandre Silveira ao anunciar a antecipação do teor. “Não permitir a importação é uma decisão absolutamente acertada para o interesse do país”, avaliou Alceu Moreira.

“Hoje, nós ampliamos a participação do biodiesel, ainda mais, na nossa matriz. E isso tem dois efeitos: primeiro, diminui a nossa dependência de importação de óleo diesel. Segundo, ajuda a descarbonizar, já que a ANP (agência reguladora de combustíveis e biocombustíveis) vem avançando muito na certificação da qualidade dos biocombustíveis. E terceiro, e muito importante, é a gente estimular nossa agricultura nacional”, disse o ministro Alexandre Silveira.

PL Combustível do Futuro

A próxima ação política relacionada ao biodiesel é a tramitação do projeto de lei nº 4516/2023 “Combustível do Futuro na Câmara dos Deputados. Ele cria condições para estimular a produção e prevê o aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira. O projeto tem como relator o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), uma das lideranças da FPBio.

“Está na hora de aprovarmos este projeto e termos uma política absolutamente definitiva, um marco regulatório que vai dar segurança jurídica para continuar a produzir energia limpa, que representa motivo de orgulho para a sociedade brasileira”, afirmou Alceu Moreira.

Qualidade do diesel

O combustível vendido nos postos resultante da mistura de diesel e biodiesel é chamado tecnicamente de diesel B. Vários estudos técnicos atestam a qualidade do biodiesel e da mistura em diversos percentuais. A montadora Scania, por exemplo, já vende no Brasil caminhões prontos para rodar 100% com biodiesel. O mesmo ocorre com geradores de energia elétrica utilizados no país.

Mesmo com estudos – inclusive do governo – atestando a alta qualidade do biodiesel nacional, a FPBio defende que o país crie um sistema para rastrear a qualidade do diesel B. A proposta é aferir a qualidade da produção, da logística, da distribuição, do armazenamento e de outras fases até o produto chegar à venda ao consumidor. A FPBio diz que o biodiesel está plenamente certificado quanto à sua qualidade, mas é preciso rastrear também o componente diesel da mistura. Se problemas forem eventualmente identificados, será possível, com este sistema, identificar a fonte dos problemas e corrigi-los, em benefício dos consumidores.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS

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