Porto Alegre, 20 de novembro de 2023 – A semana foi de mercado de café internacional com negócios afetados pelo feriado de quinta-feira nos Estados Unidos (Thanksgiving), quando a Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização global, não operou. Mas foram divulgados relatórios dos adidos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre a produção do Brasil, Colômbia, Vietnã e Indonésia, os 4 maiores produtores do mundo.
A adida agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em Brasília reduziu a estimativa de produção de café do Brasil na safra 2023/24 (julho-junho) para 66,3 milhões de sacas de 60 quilos, ante 66,4 milhões seis meses atrás, diante de uma revisão na projeção para produção de café robusta/conilon.
A produção de arábica deverá atingir 44,9 milhões de sacas, um aumento de 12,8% em relação à temporada anterior, por conta de uma elevação da área plantada e maior produtividade, beneficiada por condições climáticas favoráveis em comparação com safras passadas. Produtores do principal estado, Minas Gerais, particularmente, relataram melhores rendimentos ao longo da colheita.
A produção de café robusta/conilon está projetada em 21,4 milhões de sacas, 1,4% inferior na comparação com a estimativa anterior, de 21,7 milhões, e 6,1% inferior em relação à safra passada. Essa diminuição se deve a uma redução esperada na produtividade em decorrência de condições climáticas adversas durante as fases iniciais do ciclo produtivo das plantas, como as altas temperaturas provocadas pelo fenômeno El Niño, especialmente no estado do Espírito Santo, principal produtor de café robusta.
Segundo o USDA, o Brasil produziu no total 62,6 milhões de sacas de 60 quilos de café na safra 2022/23.
O USDA estima ainda exportações de café de 43,85 milhões de sacas para o Brasil em 2023/24, ante 36,145 milhões em 2022/23, e espera que o consumo doméstico cresça de 22,45 milhões para 22,56 milhões de sacas em 2023/24. Os estoques finais de café da safra 2023/24 estão estimados pelo USDA em 4,585 milhões de sacas, contra 4,62 milhões em 2022/23.
Colômbia
Segundo o adido do USDA na Colômbia, a produção de café colombiana deverá aumentar para 11,5 milhões de sacas de 60 quilos em 2023/24 (outubro-setembro), ante 10,7 milhões em 2022/23, uma alta de 7,5%. O USDA estima ainda que as exportações de café da Colômbia aumentarão para 12 milhões de sacas em 2023/24, ante 10,7 milhões em 2022/23.
As condições mais secas esperadas para o primeiro trimestre de 2024 e os índices mais altos de luminosidade devido ao fenómeno El Niño apoiarão uma melhor floração. No entanto, o crescimento da produção de café permanece modesto, uma vez que as condições de seca extrema podem ter impacto tanto no rendimento como na qualidade dos grãos devido a surtos persistentes de broca do café, que causam perdas drásticas de volume de produção e diminuição da qualidade da bebida.
O Instituto Colombiano de Meteorologia indica que o El Niño elevará as temperaturas e reduzirá os volumes de chuvas em até 30% em relação à média em algumas regiões. Além disso, a redução da aplicação de fertilizantes devido aos elevados preços globais prejudicou o setor. Apesar destes desafios, o impacto global sobre a produção de café não foi tão intenso em comparação com os eventos do fenómeno La Niña.
Vietnã
A produção de café do Vietnã deve aumentar para 27,5 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2023/24, ante 27,2 milhões de sacas em 2022/23, conforme o adido do USDA em Hanoi. Há seis meses, o adido estimara a produção em 31,3 milhões de sacas. Segundo o adido, a redução na estimativa se deve a condições climáticas desfavoráveis, resultantes das mudanças climáticas e do fenômeno El Niño. A projeção para a safra 2022/23 também foi reduzida por conta do clima adverso que provocou forte incidência de morte de cerejas, ao mesmo tempo que produtores migraram para culturas mais rentáveis no momento.
Como resultado, as exportações de café vietnamitas deverão diminuir de 27,740 milhões de sacas em 2022/23 para 25 milhões de sacas em 2023/24.
Indonésia
Já a produção de café da Indonésia deverá cair para 9,7 milhões de sacas de 60 quilos em 2023/24 (outubro-setembro), ante 11,85 milhões em 2022/23, uma queda de 18%, segundo o adido do USDA em Jacarta. Segundo o adido, a queda na produção se deve a perturbações relacionadas com o clima durante a fase de desenvolvimento da cereja. A colheita do café robusta da Indonésia atinge o pico normalmente entre maio e junho nas principais áreas produtoras do sul de Sumatra. Os agricultores do norte de Sumatra colhem variedades de café arábica entre outubro e dezembro e de março a maio. O adido diminuiu a previsão de exportação de café da Indonésia para 5 milhões de sacas na temporada 2023/24, com base em uma fraca demanda, na redução dos volumes de exportação e na continuação dos preços mais elevados do café robusta.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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