Agosto com balanço negativo para o café em NY, mas com reação final

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Porto Alegre, 01 de setembro de 2023 – O mês de agosto foi de intensa volatilidade para o café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização global. No balanço, as cotações caíram em relação ao final de julho. Porém, houve boa recuperação nas últimas duas semanas na bolsa.

O topo de preço atingido para o café em NY foi no dia 03 de agosto, quando o contrato dezembro bateu na máxima em 167,50 centavos de dólar por libra-peso. Depois, as cotações passaram a ter movimentos de baixa e o mercado não somente rompeu para baixo a linha de US$ 1,60 a libra-peso, como caiu abaixo de US$ 1,50 a libra-peso. A mínima do mês foi atingida dia 18, quando o contrato dezembro tocou em 147,20 centavos de dólar, patamar mais baixo em sete meses.

O mercado vinha pressionado pela entrada da safra brasileira, com clima favorável à colheita, sem riscos de geadas, com melhora nas exportações do Brasil, e pelo cenário financeiro preocupante, com notícias que trouxeram apreensão em relação à China e também com o cenário de aumento de juros em países como Estados Unidos para conter a inflação. O dólar subiu e pressionou as commodities, com o café seguindo o movimento.

Porém, após atingir este patamar, NY recuperou terreno e voltou a trabalhar acima de US$ 1,50 a libra-peso. Houve alívio nas notícias financeiras, o dólar teve momentos de queda contra outras moedas e nos fundamentos o mercado pareceu já ter precificado a safra brasileira de bom tamanho. Assim, NY finalizou longe do fundo do poço que foi atingido, mostrando recuperação.

  A tendência é que o mercado agora olhe para as floradas no Brasil, concentrando-se nos fundamentos nas informações sobre o clima para a próxima safra do país, bem como em outras importantes origens, como Colômbia no arábica e Vietnã no robusta. De todo o modo agosto encerrou com NY tendo

No balanço de agosto em NY, o contrato dezembro do arábica fechou o mês em 154,50 centavos de dólar, acumulando queda de 6,1%, já que fecharam julho em 164,55 centavos. Em Londres, o robusta para novembro no mesmo comparativo subiu 0,5%. O mercado londrino reflete um cenário mais apertado, com quedas nos estoques da bolsa e apreensão com a oferta do Vietnã.

No mercado físico brasileiro, o mês encerrou também com uma acomodação nas perdas, depois da forte baixa acumulada nos últimos meses. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, “o mercado internacional realmente dá sinais de que já precificou a chegada da safra brasileira 2023, o que alivia a pressão e traz um folego corretivo”. Apesar do sinal positivo, não se trata, a princípio, de uma reversão de tendência, segundo ele, apenas uma indicação de maior sossego na curva de preços. “O fato é que a postura curta e compassada da demanda não abre espaço para ganhos mais consistentes. A indústria mundial de café vem alongando suas posições para evitar carregar estoques muito elevados, o que justifica essa cadência mais lenta no fluxo de compras, que tira força das investidas de alta”, comenta.

Para o consultor, o mercado deve seguir atento ao fluxo de embarques do Brasil, que serve como uma espécie de xeque sobre o real tamanho da safra brasileira colhida esse ano. “E vulnerável à volatilidade financeira, enquanto espera o novo ponto de inflexão fundamental, que é a safra 2024, com as floradas e desenvolvimento das lavouras”, avalia.

No Brasil, a alta do dólar comercial no mês de 4,7% forneceu suporte aos preços. Assim, apesar da queda do arábica em NY, as cotações se sustentaram, com agosto encerrando com o café bebida boa no sul de Minas Gerais em R$ 830,00 a saca, com aumento de 0,6% em relação ao final de julho, na base de compra (R$ 825,00). O conilon tipo 7 em Vitória, no mesmo período, acumulou perda de 1,6%, ficando ao final de agosto em R$ 625,00 a saca na base de compra.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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