Junho de fortes quedas do café arábica no mercado internacional

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     Porto Alegre, 30 de junho de 2023 – O mercado internacional de café encerra nesta sexta-feira um mês de junho marcado por quedas fortes dos preços do arábica e por um conilon/robusta com cotações melhor sustentadas. No Brasil, cenário também de baixas para o arábica e de um conilon refletindo o quadro global de preços bem mais firmes que o arábica. No balanço trimestral e semestral, o retrato mostra da mesma forma um mercado de arábica mais pressionado por fundamentos trazendo uma oferta mais confortável e um conilon/robusta com apreensão com disponibilidade mais curta e demanda mais forte.

Especialmente na segunda metade de junho, o mercado de café acentuou a baixa e a posição setembro/23 testa para baixo a linha de 160 cents para o arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o clima seco contribuiu para o andamento da colheita e a ausência de frio dissipa riscos climáticos para as lavouras de café do Brasil, ajudando a consolidar o cenário de safra de arábica 2023 cheia. “Isso acaba pesando contra os preços do café em NY. Também cresce no mercado financeiro a aposta de um novo ciclo de alta nos juros internacionais, puxados pela sinalização de aumento pelo Fed (o banco central norte-americano). A consequência é o aumento da aversão ao risco, o que impulsiona ganhos no dólar e joga contra o preço das commodities, intensificando as perdas no café”, comenta.

Para Barabach, diante do aumento da oferta e do cenário econômico-financeiro desafiador é natural que a demanda continue na defensiva. Os juros altos favorecem estratégias de alongar estoques e trabalhar compras da mão para boca, o que também influencia negativamente a curva de preços da bebida. E Barabach coloca que o fato é que no mercado de café há no momento mais vendedores que compradores, justificando a mudança no patamar de preço para baixo. “É interessante notar que o spread entre os vencimentos de café na ICE US voltam a ficar positivo a partir do vencimento dezembro, com mercado tendendo a normalidade. Esse movimento já era esperado, frente ao avanço da safra nova brasileira”, analisa o consultor.

Já o café robusta também caiu, embora menos que o arábica. E mesmo com a queda, a arbitragem NY/Londres caiu 43 cents, mostrando um robusta ainda mais firme frente ao arábica. “Diante de um preço do robusta inflado e da queda na cotação do arábica é natural que a indústria mundial começa a alterar comportamento. E com isso, volte a enxergar o arábica como alternativa na formação do seu blend, especialmente o arábica de bebida mais fraca, mais barata”, avalia. E esse comportamento já começa a influenciar o robusta no terminal de Londres.

Mas, o robusta em Londres ao longo de junho e do primeiro semestre manteve-se bem sustentado por uma demanda que preocupou os compradores, com oferta limitada da última safra do Vietnã, com problemas também na Indonésia. E tudo isso com a recente estratégia das indústrias pelo mundo utilizarem mais robusta em seus blends diante dos custos mais elevados com o arábica. Assim, o mercado do robusta sustentou-se com uma oferta limitada e demanda crescente.

No balanço de junho, o contrato setembro do arábica na Bolsa de Nova York caiu 8,1% até o fechamento do dia 29, caindo de 175,85 para 161,60 centavos de dólar. O arábica tem as cotações mais baixas desde janeiro de 2023. Já o trimestre chega ao fim com o contrato setembro com baixa acumulada de 4,1% e o semestre finaliza com recuo de 2,8%.

O robusta está bem melhor nesses comparativos até esta quinta-feira, 29. Junho termina com balanço de alta no contrato setembro em Londres de 2%. O trimestre finaliza com alta de 20,2% e o semestre com ganho de 47%.

O mercado físico brasileiro de café teve um mês de junho assimilando a entrada da safra nova e as quedas do arábica em NY. Foi um mês em que os vendedores tentaram dosar a oferta e os compradores forçar baixas com a oferta crescente e perdas externas do arábica sobretudo. O conilon sustentou-se um pouco mais com o desempenho de Londres. Mas, tanto um quanto outro ainda teve de lidar com a baixa do dólar, que pesa sobre os preços em reais. O dólar comercial acumulou em junho até o dia 29 uma baixa de 4,4%. No trimestre a moeda americana cai 4,4% também e no semestre 8,2%.

“O mercado físico repercute o avanço da colheita da safra brasileira 2023 e a maior presença de vendedores. Sem sinal de frio no horizonte o vendedor, especialmente de arábica, tem aparecido mais no mercado. A demanda segue curta, mesmo com queda em NY e diferenciais mais fracos no FOB Santos”, avalia o consultor de SAFRAS.

Assim, no balanço de junho, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu de R$ 1.000,00 a saca na base de compra para R$ 845,00, uma baixa de 15,5%. No trimestre este café acumula perda de 19,1% e no semestre 16,4%.

O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, no balanço de junho na compra caiu de R$ 690,00 para R$ 660,00 a saca, queda de 4,3%. Este café no trimestre tem uma alta de 3,1% e no semestre uma baixa de 5%.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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