Com quadro de sobreoferta de frango, preços seguem recuando no Brasil

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Porto Alegre, 9 de junho de 2023 – O mercado brasileiro de frango registrou queda nos preços no frango vivo e acomodação para os cortes negociados no atacado e na distribuição, se comparados à semana anterior. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias, não há espaço para recuperação nos preços mesmo na primeira quinzena do mês, considerando o grande volume de produto ofertado.

De acordo com o analista, o que tende a oferecer uma melhor perspectiva de margem para o setor é a queda dos custos de nutrição animal, consequência do recente comportamento dos preços do milho no mercado doméstico. “Por sua vez, a Influenza Aviária permanece no radar. Na última terça-feira, foi relatado um caso da doença em ave selvagem no litoral norte de São Paulo, no munícipio de Ubatuba”, ressalta Iglesias. “Vale a menção que casos em aves selvagens não provocam mudanças de status sanitário no Brasil, mantendo o país como território livre de Influenza Aviária”, explica.

No que tange o mercado atacadista, Iglesias destaca que o ambiente de negócios sugere por algum espaço para recuperação de preços, considerando a entrada dos salários na economia, motivando a reposição ao longo da cadeia produtiva. “Mesmo assim, não haverá grande espaço para recuperação dos preços, em linha com o quadro de sobreoferta presente no país”, diz.

Iglesias explica que há dois aspectos positivos que precisam ser mencionados em relação a proteína. “O primeiro aspecto é que a carne de frango segue mais competitiva na comparação com as demais proteínas. O segundo, por outro lado, é que as exportações de carne de frango vêm apresentando desempenho bastante expressivo em 2023, o que deve levar o país há um recorde de embarques. No entanto, mesmo com exportações tão robustas, o quadro doméstico ainda é de grande volume de oferta, o que confirma o quadro de sobreoferta citado anteriormente”, conclui.

Exportações

Levantamentos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que as exportações brasileiras de carne de frango (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 433,3 mil toneladas em maio, volume que supera em 0,9% o total exportado no mesmo período de 2022, quando foram embarcadas 429,6 mil toneladas.

Em receita, o resultado das vendas de maio gerou receita de US$ 867,4 milhões, número 4,1% menor que o total registrado no quinto mês de 2022, com US$ 904,6 milhões.

No acumulado do ano (janeiro a maio), as vendas do setor alcançaram volume total 2,183 milhões de toneladas, volume 9,7% superior ao registrado nos cinco primeiros meses de 2022, com 1,990 milhão de toneladas.

Em receita, os embarques acumulados chegam a US$ 4,281 bilhões, número 13,4% superior ao realizado entre janeiro e maio de 2022, com US$ 3,776 bilhões.

Entre os principais destinos das exportações, a China liderou as compras de carne de frango em 2023 (janeiro a maio), com 328 mil toneladas entre janeiro e maio, volume 32,6% superior ao registrado no mesmo período de 2022, com 247,4 mil toneladas. Outros destaques foram o Japão, com 178,7 mil toneladas (+8%), África do Sul, com 162,7 mil toneladas (+12,1%), Arábia Saudita, com 148,1 mil toneladas (+19,4%) e União Europeia, com 101,4 mil toneladas (+3,4%).

Principal estado exportador de carne de frango do Brasil, o Paraná embarcou entre janeiro e maio o total de 907 mil toneladas (+11,7%), seguido por Santa Catarina, com 454,5 mil toneladas (+8,7%), Rio Grande do Sul, com 309,7 mil toneladas (+0,8%), São Paulo, com 125,8 mil toneladas (+19,9%) e Goiás, com 99,8 mil toneladas (+33,7%).

Preços internos

Segundo levantamento de SAFRAS & Mercado, no atacado de São Paulo os preços dos cortes congelados de frango tiveram mudanças ao longo da semana. O preço do quilo do peito no atacado se manteve em R$ 7,50, o quilo da coxa caiu de R$ 6,40 para R$ 6,00 e o quilo da asa de R$ 10,20 para R$ 9,70. Na distribuição, o preço do quilo do peito continuou em R$ 7,70, o quilo da coxa recuou de R$ 6,60 para R$ 6,20 e o quilo da asa de R$ 10,45 para R$ 9,90.

Nos cortes resfriados vendidos no atacado, o cenário da semana também apresentou alterações nas cotações. No atacado, o preço do quilo do peito permaneceu em R$ 7,60, o quilo da coxa desvalorização de R$ 6,50 para R$ 6,10 e quilo da asa de R$ 10,30 para R$ 9,80. Na distribuição, o preço do quilo do peito seguiu em R$ 7,80, o quilo da coxa teve baixa de R$ 6,70 para R$ 6,30 e o quilo da asa de R$ 10,55 para R$ 10,00.

O levantamento semanal realizado por SAFRAS & Mercado nas principais praças de comercialização do Brasil apontou que, em Minas Gerais, o quilo vivo registrou recuo de R$ 4,70 para R$ 4,50 e, em São Paulo, de R$ 4,60 para R$ 4,50.

Na integração catarinense a cotação do frango ficou em R$ 4,30. Na integração do oeste do Paraná, a cotação teve declínio de R$ 4,65 para R$ 4,60 e na integração do Rio Grande do Sul de R$ 4,55 para R$ 4,45.

No Mato Grosso do Sul, o preço do quilo vivo do frango registrou desvalorização de R$ 4,75 para R$ 4,45, em Goiás de R$ 4,70 para R$ 4,50 e no Distrito Federal de R$ 4,70 para R$ 4,50.

Em Pernambuco, o quilo vivo teve declínio de R$ 5,50 para R$ 5,20, no Ceará de R$ 5,50 para R$ 5,20 e, no Pará, de R$ 5,50 para R$ 5,00.

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Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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