Mercado brasileiro de algodão não consegue sustentar ganhos e recua em abril

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     Porto Alegre, 28 de abril de 2023 – Durante o mês de abril a fibra de algodão tentou pegar carona na volatilidade financeira, mas com uma demanda fraca, o mercado físico brasileiro não conseguiu sustentar os ganhos. O cenário é de que deve aparecer mais algodão no mercado norte-americano e influenciar negativamente a curva de preços da pluma. Também foi observado o baixo volume de venda antecipada no Brasil, tanto que as vendas do Mato Grosso, principal estado produtor responsável por 70% da safra brasileira, seguiram bastante lentas ao longo do mês.

     Os dados do Imea indicam que até abril, apenas 8,68% da safra BR-23 foi vendida, ante 22,9% em igual período do ano anterior. Esses números mostram que o produtor brasileiro está mais vulnerável ao efeito sazonal da entrada da safra e com uma concorrência externa mais ativa. Na quinta-feira (27), o valor pago pela pluma em Rondonópolis ficou em torno de R$ 4,04 por libra-peso, uma desvalorização de 13,19% em relação ao mesmo período do mês de março, quando era indicada a R$ 4,65 por libra-peso.

     Já a indústria segue cautelosa, tentando alongar seu estoque comprando conforme necessidade. A ideia para a fibra colocada na indústria em São Paulo chegou ao redor de R$ 4,15 por libra-peso no dia 27, uma desvalorização de 1,19% em relação a quinta-feira passada (20), quando era cotada a R$ 4,20 por libra-peso. Para o mesmo momento do mês anterior, quando trocava de mãos a R$ 4,77 a queda foi de 13%.

     No FOB exportação Porto de Santos/SP, o preço pago pelo algodão subiu no dia 27 a 82,16 centavos por libra-peso, ante 80,54 centavos por libra-peso do dia anterior. Mas comparado ao mês passado, a queda foi de 10,03%. Com isso, o prêmio pago pelo algodão brasileiro recuou para +1,76 centavos por libra-peso contra ICE US. Há uma semana estava a +1,74 centavos, e há um mês era +11,60 centavos por libra-peso, demonstrando que o vendedor está mudando seu comportamento para que a fibra nacional fique mais competitiva no mercado externo.

Subprodutos

     Em Mato Grosso, as cotações do caroço disponível e do farelo exibiram um recuo de 0,32% e 0,12% no comparativo semanal, cotados na média de R$ 1.239,96/t e R$ 1.332,24/t, respectivamente. Ainda, quando comparado com o mesmo período do ano passado, a redução no preço do caroço disponível é ainda maior, de 23,49%.

     Esse cenário de queda no comparativo anual é justificado pela maior oferta do subproduto no mercado, visto que a produção do caroço da safra 2021/22 foi 12,94% maior que o registrado na safra 2020/21. Além disso, os relatos de menor demanda, principalmente por parte dos pecuaristas, devido ao período das águas, têm sustentado esse declínio no estado.

     Por fim, com a temporada de entressafra do algodão e o período de estiagem se aproximando, a expectativa é de que os preços apresentem uma recuperação nas próximas semanas. As informações constam no Boletim Semanal do Imea – Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola.

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     Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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