Mercado brasileiro de boi está recheado de boatos nesse momento – SAFRAS Agri Week

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Porto Alegre, 21 de março de 2023 – O mercado brasileiro de boi está recheado de boatos nesse momento, o que acaba trazendo impactos nos negócios, segundo a avaliação do analista de consultor de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias, durante palestra realizada há pouco no primeiro dia do 5o SAFRAS Agri Week, evento totalmente on line e gratuito que está ocorrendo nesta semana, entre 21 e 24 de março.

Segundo Iglesias, o mercado vem sendo impactado pelos desdobramentos do caso atípico de vaca louca registrado no Brasil no estado do Pará, pela influenza aviária em países da América do Sul, como Argentina, Uruguai, Chile e outros, bem como pelos rumores de retorno de casos de peste suína africana na China.

O consultor destaca que o caso atípico de vaca louca no Brasil, que veio à tona durante o Carnaval, fez com que houvesse uma paralisação dos embarques de carne bovina do país à China, o que trouxe impactos nos preços da arroba do boi. “Agora o preço do boi começa a se recuperar gradativamente, até mesmo pelo fato de o pecuarista ter ainda um momento bom para manter os animais por mais tempo no campo, diante das boas condições das pastagens em áreas do Centro-Norte do Brasil, que seguem recebendo chuvas”, disse.

Iglesias ressalta, porém, que o embargo vem prejudicando todos os agentes da cadeia de carne bovina, com frigoríficos concedendo férias coletivas ou reduzindo as escalas de abate para se adequar à ausência da China, o que vem provocando um aumento da capacidade ociosa das indústrias.

No entendimento do consultor, o Brasil precisaria rever o protocolo assinado com a China em 2015, que acaba interrompendo os embarques mesmo na ocorrência de casos atípicos de vaca louca. “Diante desse cenário, os frigoríficos estão com os estoques cheios e no aguardo do aval das autoridades chinesas para retomar as exportações”, avalia.

A perspectiva, porém, é de que neste ano a paralisação não dure tanto como os 100 dias registrados em 2021, uma vez que os chineses não dispõem no momento de grandes fornecedores para compra fora o Brasil. “As projeções indicam que, se o embargo atual ultrapassar 30 dias, o prejuízo para os exportadores brasileiros deve chegar a US$ 500 milhões”, sinaliza.

No que tange ao cenário doméstico, tudo indica que o ano de 2023 será mais favorável aos consumidores no que tange à oferta de carne bovina, que deverá ficar ao redor de 5,615 milhões de toneladas, por conta do incremento dos abates no Brasil, que deverá superar em 970 mil cabeças o volume registrado em 2022, de acordo com projeções de SAFRAS & Mercado.

A expectativa, conforme Iglesias, é de que o Brasil possa abater 32,6 milhões de bovinos neste ano, ainda que o embargo tenha comprometido os números esperados para fevereiro e março. “Em fevereiro os abates ficaram em 2,38 milhões de cabeças, abaixo da estimativa de 2,5 milhões. Para março, os abates devem cair 10% frente ao mesmo mês do ano anterior, para 2,33 milhões de cabeças, levando em conta os efeitos do embargo chinês, gerando ociosidade aos frigoríficos”, projeta

Para Iglesias, mesmo com a impossibilidade de exportar à China neste momento, o Brasil deverá seguir na liderança dos embarques globais de carne bovina em 2023, atingindo ao redor de 3,2 milhões de cabeças. Já a produção de carne bovina no Brasil deverá subir também, chegando a 8,8 milhões de toneladas.

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Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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