Com moinhos bem abastecidos, comercialização de trigo se resume a negócios pontuais

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Porto Alegre, 10 de março de 2023 – Os negócios com trigo foram pontuais ao longo da semana no mercado brasileiro. Os moinhos estão abastecidos e devem voltar com mais força apenas em meados de abril. Sendo assim, não têm demonstrado flexibilidade em suas ofertas de preços.

“Os produtores focam as atenções na safra de verão e não tem interesse em negociar aos patamares oferecidos”, aponta o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento. No Paraná a média das cotações no FOB interior está por volta de R$ 1.650/tonelada na compra. No Rio Grande do Sul a média é de R$ 1.425/tonelada. No segundo estado o escoamento via exportação perdeu intensidade nos últimos meses. Os embarquem são de produto com venda comprometida antecipadamente. As indicações atuais nos portos não têm atraído os vendedores.

“O trigo de outras origens, em especial a Rússia e a Austrália, estão muito competitivos. Para sair de Rio Grande/RS ao mesmo preço que o russo no FOB do Mar Negro, o produtor gaúcho teria que negociar por volta de R$ 1.355/tonelada no interior. O mercado interno indica interesse de compra acima de R$ 1.400/tonelada. Como a logística interna deve ser saturada pelo escoamento da safra de verão, o trigo acaba ficando em segundo plano. Porém, o sentimento de que os preços devem apresentar firmeza na entressafra, permite que os produtores se coloquem na defensiva e elevem suas pedidas”, aponta o analista.

Estima-se que dos 6,010 milhões de toneladas produzidos pelos gaúchos 4,140 milhões (69%) já foram comprometidos: 2,5 milhões com exportações, 700 mil toneladas com moinhos gaúchos, 450 mil toneladas com outros estados, 300 mil toneladas com ração/sementes, e 190 para o nordeste via cabotagem. Como os moinhos locais precisam de cerca de 1,2 milhão de toneladas para atender sua moagem, o saldo remanescente para vendas além das fronteiras gaúchas seria de apenas 670 mil toneladas.

“A próxima safra só ingressa em meados de outubro/23. Ou seja, ainda temos quase 7 meses de entressafra. Uma maior firmeza das cotações, contudo, deve ser observada apenas depois de acomodada a safra de verão e no momento que os compradores voltarem ao mercado”, completa o analista.

Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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