Porto Alegre, 10 de março de 2023 – Dados apresentados nesta semana pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) corroboram a ideia de um ritmo mais fraco nas exportações brasileiras de café ainda nos primeiros meses de 2023. Os produtores embora pontualmente tenham melhorado as negociações mantêm-se mais retraídos nas vendas, esperando por preços mais altos, e isso se reflete nos embarques.
As exportações totais brasileiras de café (verde + industrializado) ficaram em 2,396 milhões de sacas de 60 quilos em fevereiro de 2023, com receita cambial atingindo US$ 505,9 milhões. Houve, assim, diminuição de 33,3% em volume e de 38,5% em faturamento na comparação com o segundo mês do ano passado, à medida que o preço médio da saca, de US$ 211,13, recua 7,9% em mesmo intervalo. Os dados partem do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No acumulado dos oito primeiros meses do ano safra 2022/23, o Brasil acumula a exportação de 24,621 milhões de sacas, volume 7,7% inferior ao remetido ao exterior de julho de 2021 a fevereiro de 2022. Já em receita, a performance ainda é positiva, em 13% na mesma comparação, com o rendimento chegando a US$ 5,704 bilhões, com o cenário refletindo os elevados preços do produto nesses oito meses do ciclo 2021/22, como salienta o Cecafé.
Em janeiro e fevereiro deste ano, as remessas brasileiras de café ao exterior apresentam declínio de 25,4%, saindo de 7,008 milhões, no primeiro bimestre de 2022, para os atuais 5,226 milhões de sacas. A receita percorre caminho similar ao somar US$ 1,117 bilhão, ou queda de 28,8% ante mesmo intervalo antecedente.
Comercialização no Brasil
A comercialização da safra brasileira de café de 2022/23 até o último dia 08 de março alcançou 83% da produção, contra 78% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é bem inferior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 89% da safra. E o fluxo de vendas também está abaixo dos últimos anos na média para o período (86%).
Assim, já foram negociadas 49,16 milhões de sacas de uma produção estimada em 2022/23 por SAFRAS & Mercado de 58,9 milhões de sacas.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fluxo de vendas segue bastante cadenciado, mesmo com a recente valorização dos preços. “Até houve um pouco mais de negócios, mas de forma muito escalonada e sem gerar grande pressão do lado da oferta. A percepção de que havia mais café disponível resultou em um maior interesse por parte do vendedor, que não se traduziu em um fluxo contínuo e linear, mas acabou melhorando o volume total de negócios”, avalia.
A percepção de mais café disponível, por conta do ajuste no fluxo, levou SAFRAS a revisar para cima o seu número para a safra brasileira 2022/23, que passou a 58,90 milhões de sacas, contra 57,30 milhões de sacas anteriormente. A produção é dividida entre 35,95 milhões de sacas de arábica e 22,95 milhões de sacas de conilon.
Já as vendas antecipadas da safra brasileira de café 2023/24, que será colhida a partir de abril/maio, estão em apenas 19% do total esperado a ser produzido, segundo SAFRAS. Houve avanço de somente dois pontos percentuais no comparativo com um mês atrás. O percentual de vendas é muito inferior a igual período do ano passado, quando estava em cerca de 28% da safra.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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