Porto Alegre, 3 de março de 2023 – O mês de fevereiro foi desfavorável para o mercado doméstico de algodão. Além de ser mais curto, teve o feriado de Carnaval, onde muitas indústrias ficaram em recesso e reduziram a liquidez nas praças de comercialização. Os preços da pluma brasileira também sentiram as perdas nas bolsas internacionais e o vendedor que já vinha dosando oferta acabou se retraindo ainda mais.
O algodão encerrou a quinta-feira (2), para o contrato maio/23 na ICE US mais fraco, cotado a 83,71 centavos por libra-peso, ante 84,80 centavos por libra-peso no mesmo momento do mês de fevereiro – queda em torno de 1,3% no período.
Em Rondonópolis, no Mato Grosso, o valor da pluma ficou cotada a R$ 5,03 por libra-peso, uma queda de 1,83% em relação à quinta-feira da semana anterior (23), quando era indicada a R$ 5,12 por libra-peso. No mês passado, a pluma era indicada a R$ 5,13 por libra-peso, uma desvalorização de 1,96%.
A ideia para o algodão colocado na indústria em São Paulo também apresentou perdas, chegando em torno de R$ 5,15 por libra-peso sem ICMS. No mesmo período do mês anterior, a queda foi de 2,28% e no acumulado de um ano as perdas se acentuaram em 25,36%, quando era cotado a R$ 5,27 por libra-peso e R$ 6,90 por libra-peso, respectivamente.
Expectativa de área e produtividade
Mesmo tendo sido plantada num momento em que os custos de produção estavam nos patamares mais altos da história, os produtores brasileiros de algodão mantiveram a área e devem voltar a ultrapassar três milhões de toneladas da fibra, na safra 2022/2023. Em 20 anos, a marca foi atingida apenas uma vez, no ciclo 2019/2020. Na safra em curso, as lavouras brasileiras de algodão ocuparam 1,65 milhão de hectares, e a expectativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) é de que a produtividade fique em torno de 1.827 quilos por hectare. Os números foram divulgados ontem, 01 de março, na 70a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e seus Derivados, na sede do Ministério da Agricultura, em Brasília.
Embora otimistas em relação aos números apresentados por todos os setores que participam da Câmara, os cotonicultores ressaltaram que ainda é muito cedo para contar a estimativa como certa, e o clima será definitivo para a confirmação. Apenas recentemente o estado de Mato Grosso, maior produtor nacional de algodão, concluiu o plantio da safra, quase no limite da janela permitida, por causa do atraso na colheita da soja. As lavouras mato-grossenses somam 1,18 milhão de hectares. Na Bahia, segundo maior produtor brasileiro, a área plantada ficou em 312 mil hectares, um incremento de 1,8% em relação ao ano agrícola de 2021/2022, e até o momento, as lavouras se desenvolvem bem.
Nós estamos na metade do ciclo do algodão e precisamos, ainda, de muita chuva até o final. Dependemos da produtividade para compensar uma safra plantada com custos muito altos, e ter uma rentabilidade satisfatória. A causa dos custos altos foi, principalmente, a elevação dos preços dos fertilizantes, que chegaram a ser até quatro vezes mais caros do que vínhamos pagando. Sem esse insumo, não se forma lavoura, explicou o presidente da câmara e ex-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, que, na ocasião, entregou o comando do foro da cadeia produtiva do algodão ao novo presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel. Segundo Busato, que assumiu a vice-presidência do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), os preços dos combustíveis já estão se normalizando, e devem reduzir a pressão sobre o cotonicultor na safra seguinte.
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Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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