Economia mais resiliente e recuperação da China aumentam riscos no mercado – Ata BCE

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Porto Alegre, 2 de março de 2023 – A ata da reunião dos membros do Banco Central Europeu (BCE) dos dias 1 e 2 de fevereiro mostraram que a economia da zona do euro se mostrou mais resiliente. “Os novos sinais de uma economia mais resiliente da área do euro e a reabertura da economia da China aumentaram o sentimento de risco”.

    Segundo o documento, as perspectivas de inflação tiveram duas origens. “Em primeiro lugar, houve falhas no sentido descendente relativas às expectativas para a inflação global da área do euro. Em segundo lugar, houve uma queda substancial nos preços do gás, que teve, no momento, um impacto muito maior nas taxas de swap de inflação do que no passado, tanto na extremidade curta quanto na longa da curva de swap de inflação”.

    Por conta disso, o mercado esperava que as taxas de juros do BCE poderiam começar a cair a partir de 2024. “Os investidores, globalmente, esperavam que os principais bancos centrais reduzissem suas principais taxas de juros neste ano ou no próximo, já que a inflação nominal deveria diminuir rapidamente dos altos níveis à vista. Em resposta a alguns dos primeiros sinais de um ponto de inflexão na inflação plena, os investidores sinalizaram que acreditavam que cortes de juros seriam necessários em breve”.

    Os membros observaram que a economia mundial caiu no quarto trimestre de 2022, com o PMI abaixo dos 50 pontos no setor de manufatura e serviços, mas as perspectivas são de aumento nas atividades em 2023. “Apesar da desaceleração, as projeções de crescimento global melhoraram para 2023, em parte devido ao relaxamento das restrições pandêmicas na China”.

    Um dos pontos a serem analisados é a queda nos preços da energia, por conta do inverno mais quente na Europa e a redução na demanda. “Os preços do petróleo subiram desde a reunião de dezembro, mas permaneceram significativamente abaixo dos níveis de meados de 2022. Os preços de energia acentuadamente mais baixos e o alívio dos gargalos de oferta podem ser interpretados como uma reversão parcial do grande choque negativo de oferta observado desde 2021”.

    A guerra da Rússia contra a Ucrânia ainda é um risco negativo para a economia, mas a região soube se adaptar às adversidades. “O choque energético adverso pode desaparecer mais rapidamente do que o previsto e, embora a segurança do abastecimento de gás na Europa permaneça vulnerável aos riscos de abastecimento global, os estoques de gás maiores do que o normal reduziram os riscos de abastecimento para o próximo inverno. Além disso, as empresas da área do euro poderiam adaptar-se mais rapidamente ao ambiente internacional desafiador”.

    Ainda que a inflação venha apresentando queda ao longo dos meses, ela ainda se mantém em patamares altos. “Olhando para os determinantes da inflação dos bens, os itens sensíveis à energia continuaram a dar uma forte contribuição até dezembro de 2022. Em uma análise prospectiva, espera-se que o contributo dos itens sensíveis à energia diminua. No entanto, era incerto se o ritmo da redução provavelmente seria simétrico ao do aumento. Mas a contribuição de itens não sensíveis à energia estava aumentando”.

    Os membros do BCE acreditam que as perspectivas de inflação são incertas, especialmente no curto prazo. “No lado positivo, as pressões existentes ainda podem elevar os preços de varejo no curto prazo. Além disso, uma recuperação econômica mais forte do que o esperado na China pode dar um novo impulso aos preços das commodities e à demanda externa.

    Fatores domésticos, como expectativas de inflação persistentemente acima da meta do BCE ou aumentos salariais acima do previsto, podem elevar a inflação, também no médio prazo. No lado negativo, a recente queda nos preços de energia, se persistir, pode desacelerar a inflação mais rapidamente do que o esperado. Esta pressão descendente na componente energética pode também traduzir-se numa dinâmica mais fraca para a inflação subjacente”.

    O aperto monetário foi mais rápido do que em ciclos de crises financeiras anteriores, que é refletido na redução de cessão de crédito, especialmente para as famílias. “A procura de empréstimos bancários a sociedades não financeiras também diminuiu no último trimestre de 2022, impulsionada sobretudo pela subida das taxas de juro, em linha com o aumento das taxas de juro dos empréstimos bancários às empresas”.

    O aumento de taxas de juros em 0,50 pp foi amplamente apoiado pelos membros do BCE, que também decidiram manter a sequência de subidas por mais tempo. “Sinalizando um passo de 0,50 pp para a reunião de março, reconheceu que, em uma ampla gama de cenários, o Conselho do BCE considerou que era necessário dar mais um passo desta envergadura para trazer as principais taxas de juro do BCE para níveis que garantissem um regresso atempado à meta da inflação”.

    Mesmo com o ambiente externo desafiador, o BCE não acredita que a Europa entrará em recessão. “Além de aliviar os gargalos de abastecimento e garantir o fornecimento de gás, as empresas ainda estavam trabalhando com grandes carteiras de pedidos e a confiança estava melhorando. A produção do setor de serviços vinha se mantendo, sustentada pelos efeitos contínuos da reabertura da economia e maior demanda por atividades de lazer”.

    As medidas governamentais para aliviar o custo da energia para as famílias deve ser temporária e direcionada. “À medida que a crise energética se tornou menos aguda, era importante começar a reverter estas medidas prontamente em linha com a queda dos preços da energia e de forma concertada. Quaisquer medidas que não cumpram esses princípios provavelmente aumentarão as pressões inflacionárias de médio prazo, o que exigiria uma resposta mais forte da política monetária”.

    Assim, com uma crise energética menos intensa, a redução dos preços da energia será passada para a medição da inflação. Mas esse resultado não viria de forma imediata. “Observou-se que era muito cedo para observar um repasse tão rápido, uma vez que a inflação de produtos industriais não energéticos ainda estava aumentando, sugerindo que as pressões ascendentes dos preços de energia mais elevados no passado ainda estavam presentes”.

    Outro assunto que foi tratado foi o impacto da retomada da China na economia global. “Observou-se que a reabertura de uma grande economia global exportadora líquida, como a China, deve ter um impacto moderado sobre as pressões de preços globais, mesmo que a demanda agregada chinesa aumente”. As informações são da Agência CMA.

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Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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