Temor de aperto na oferta catapultou mercado de açúcar para maior nível de preços desde 2017

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Porto Alegre, 23 de dezembro de 2022 – Após um ano de 2021 marcado pela queda histórica na produção de cana-de-açúcar do Brasil para o nível mais baixo em uma década, 2022 apresentou uma recuperação expressiva não só nos números da safra nacional, mas também no mercado futuro de açúcar, culminando em um intenso rali no último mês do ano que levou os preços internacionais a alcançarem os maiores níveis desde fevereiro de 2017.

Na Bolsa de Nova York (Ice Futures US), o primeiro contrato do açúcar bruto — com vencimento em março de 2023 — foi alçado para 21,18 centavos de dólar por libra-peso na sessão do dia 23 de dezembro, patamar mais alto em quase seis anos, em meio a sinalizações de aperto na oferta de curto prazo, o que faz especuladores aumentarem suas posições compradas em açúcar.

Os fundamentos apontam para crescimento da produção global no próximo ano, mas isso não serve para aliviar o aperto de curto prazo. Isso é evidenciado no prêmio da posição março sobre o contrato maio, que foi a 1,48 centavo, atingindo o nível mais alto em uma década. Atrasos nas safras da Tailândia, Austrália e América Central ajudam a diminuir a oferta, enquanto no Brasil as chuvas significam que não haverá mais colheita de cana no Centro-Sul até o ano que vem.

O analista da Consultoria SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, vê apenas a perda no potencial produtivo de açúcar Tailândia por conta de chuvas de monção abaixo da média como catalizador para o rally, e outro motivo até mesmo um tanto artificial para a disparada. “Está havendo no final do ano um maciço movimento de fixação de posições compradas por parte de usinas e exportadoras da Índia, às vésperas do anúncio na segunda cota de exportação pelo governo do país. Assim, a partir de janeiro, os produtores e os exportadores de lá vão passar a ter posições vendidas em açúcar com preços bem mais favoráveis”, disse ele.

No Brasil, o ano foi de recuperação nos volumes colhidos de cana e de produção de açúcar, depois de uma safra arrasada por estiagem e geadas em 2021. Conforme dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), a moagem de cana acumulada de abril até 30 de novembro pelas usinas do Centro-Sul somava 532 milhões de toneladas, 2,1% acima das 521,1 milhões processadas no mesmo período da safra 2021/22. A produção de açúcar cresceu 2,8%, totalizando 32,94 milhões de toneladas, ante 32,037 milhões.

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     Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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