Porto Alegre, 23 de dezembro de 2022 – Esse foi um ano difícil para a suinocultura brasileira por conta do custo de produção alto e disponibilidade doméstica de carne suína elevada (avanço da produção e retração da exportação). As margens dos suinocultores ficaram negativas durante o ano todo, com prejuízo do produtor independente chegando a bater R$ 300,00 por cabeça no primeiro semestre, como aconteceu em Santa Catarina. As quebras e desistências da atividade ocorreram, principalmente dos independentes com estrutura de capital mais fragilizado, daqueles que já vinham endividados de 2021. O avanço da produção no Brasil é resultado dos investimentos realizados no período em que a China sofria com a PSA e ampliava importações.
Segundo o Analista de SAFRAS & Mercado, Allan Maia, o período mais difícil de 2022 foi o primeiro semestre, com retração da demanda tanto interna como externa. “A exportação brasileira de carne suína caiu com retração das compras da China. Houve por outro lado a ampliação de venda para outros destinos, como Filipinas, Japão, Vietnã e outros, o que ajudou, mas não o suficiente para fechar o espaço deixado pela China”. Outro ponto foi a queda dos preços da exportação. A China sofria com preços deprimidos até meados de abril, sofrendo também com excesso de oferta. A situação chinesa pesou nos primeiros meses de 2022.
O preço fraco da exportação afetou as margens das indústrias exportadoras, o que pesou negativamente nas negociações do quilo vivo no Brasil. Com queda das margens é natural a busca por preços mais baixos na compra do vivo. O excesso de oferta pesou em toda a cadeia. A carcaça patinou tanto que a relação de troca contra o frango congelado chegou a bater a casa dos 1,2, menor patamar registrado ao longo dos últimos anos. Ou seja, com o preço de 1,2 quilos do frango congelado foi possível comprar um quilo da carcaça suína. Durante algum período do ano, o quilo do frango vivo negociado no mercado paulista chegou a ser mais caro que o do suíno. A inflação no Brasil escalou até junho e pesou na decisão de consumo das famílias. Vale destacar que apesar da atratividade da carne suína, esta ocupa a terceira colocação na predileção na mesa dos brasileiros, atrás da carne bovina e da de frango.
A exportação brasileira de carne suína vem melhorando neste segundo semestre e com avanço de preços, com a China mais atuante nas importações, com um quadro mais enxuto de oferta e aproveitando os preços atrativos do Brasil. Os preços do suíno vivo até conseguiram encontrar altas no segundo semestre, mas não capaz de suprir as necessidades dos suinocultores. Os suinocultores independentes adotaram medidas de ajuste produtivo, como a redução do peso médio dos animais. As margens destes irão fechar 2022 no negativo. O grande problema é que o nível de oferta no Brasil seguiu elevado durante todo o ano e deve seguir avançando em 2023, o que deve manter o setor em sinal de alerta.
O quadro de disponibilidade elevado por si só já foi um grande desafio para o setor em 2022, contudo, o custo de produção não deu respiro, por conta dos quadros de estresse do milho e farelo de soja. Os preços internacionais de várias comodities ficaram com preços inflacionados no ano. Fatores internos também pesaram na formação de preços dos insumos.
Levantamento de SAFRAS & Mercado indica que o Brasil deve fechar o ano com exportações de 1,082 milhão de toneladas. Já a produção no ano deve chegar a 5,067 milhões de toneladas, com uma disponibilidade interna de 3.984 milhões de toneladas.
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Yasmim Borges (yasmim.borges@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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