Porto Alegre, 7 de outubro de 2022 – O mercado brasileiro de trigo teve uma semana de poucos negócios. A menor movimentação levou em conta tanto o feriado da Proclamação da República, na terça-feira, quanto a dificuldade dos agentes de encontrarem um ponto de equilíbrio.
Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, a volatilidade nas principais variáveis formadoras de preços do trigo no Brasil dificulta a negociação da safra recorde brasileira. O dólar elevado encarece as importações do grão e aumentam a competitividade do produto brasileiro. Por outro lado, a renovação do acordo para o corredor de grãos no Mar Negro pressionou os preços internacionais na semana, o que amenizou os efeitos da valorização do dólar. “Porém, quanto mais volátil essas variáveis, maior a incerteza dos agentes no momento de precificar o trigo no Brasil”, salientou o analista.
De qualquer maneira, foram registrados negócios na semana. Dados divulgados nesta semana pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC) previram que o Brasil deve embarcar 143 mil toneladas de trigo em novembro. O último embarque do cereal havia sido em maio. Em novembro do ano passado, os embarques somaram 59,1 mil toneladas. No acumulado de 2022, os embarques atingem 2,537 milhões de toneladas.
Conforme Bento, os compradores seguem apostando que a safra recorde no Rio Grande do Sul pode gerar boas oportunidades de compra. “Na outra ponta, produtores olham para a redução de oferta de trigo de boa qualidade no Paraná e para a forte queda da produção argentina como principais fatores de alta para o mercado, especialmente durante a entressafra”, disse o analista.
Safra brasileira
A colheita de trigo da safra 2022 atingiu 58,9% da área, de acordo com relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com dados coletados até 12 de novembro. Na semana anterior, a colheita atingia 43,2%. Em igual período do ano passado, a área colhida chegava a 82,9%.
Argentina
A colheita de trigo atinge 10% da área na Argentina. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos estão 7,6 pontos percentuais atrasados na comparação com o ano passado. O rendimento fica em 1,26 tonelada por hectare.
Os trabalhos concentram-se no norte da área agrícola do país. Sobre o centro da área, chuvas registradas no último fim de semana frearam a deterioração dos cultivos tardios. No entanto, não deve haver recuperação da produtividade esperada.
Assim, a projeção de produção é mantida em 12,4 milhões de toneladas. No ano passado, foram 22,4 milhões.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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