Café despenca aos níveis mais baixos em 15 meses em NY e derruba preços no Brasil em outubro

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    Porto Alegre, 28 de setembro de 2022 – O mês de outubro foi extremamente negativo para os preços do café no mercado internacional. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o café arábica, que é a referência global, as cotações caíram aos patamares mais baixos em 15 meses. No Brasil, essas perdas também derrubaram o mercado e o produtor vê os arábicas de melhor qualidade ameaçarem romper para baixo a linha de R$ 1.000,00 a saca.

     O cenário combinando uma oferta mais tranquila com uma demanda preocupante levou o mercado a ir rompendo em queda suportes, baixando da importante linha de US$ 2,00 a libra-peso e agora já ameaçando vir abaixo de US$ 1,70. NY trabalha novamente em baixa nesta sexta-feira, 28, próximo do horário da divulgação desta coluna (meio-dia), acumulando nos contratos mais próximos 13 sessões seguidas de perdas.

     Mesmo com o Brasil colhendo uma safra menor que o esperado em 2022, os olhares estão em 2023. E as floradas foram boas em setembro/outubro e o clima é favorável ao pegamento dessas floradas que vão resultar na safra de 2023. Assim, o mercado vê com otimismo a produção futura do Brasil, o que pode trazer maior tranquilidade na oferta ano que vem.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado ressente-se de algum fato novo e segue pressionado pela expectativa de uma safra cheia no Brasil em 2023, demanda fraca e maior agressividade de Colômbia, Centrais e Vietnã que iniciam nova safra. “A alta do dólar contra o real é outro fator negativo para a cotação do café no mercado internacional”, comenta.

     Ele observa que a longa sequência e a intensidade das perdas chamam atenção. “O tombo surpreendeu até mesmo quem já esperava pela queda, uma vez, que a ideia era de um movimento mais gradual e ganhando mais vigor com a aproximação da safra brasileira 2023. E essa antecipação pode gerar inconsistências e correções, trazendo volatilidade aos preços de café. Porém, falta um gatilho corretivo”, avalia.

     Com o cenário de recessão global, com bancos centrais elevando juros, os temores são de um menor ritmo de crescimento no consumo de café. E isso no lado da demanda mais fraca esperada pesa também sobre os preços.

     No balanço de outubro na Bolsa de NY até o dia 27, quinta-feira, o arábica para dezembro caiu de 221,55 centavos de dólar por libra-peso para 178,85 centavos de dólar, acumulando queda de 19,3%. Em Londres, o robusta para janeiro acumulou desvalorização de 12,5%.

     No mercado físico brasileiro, as cotações também “derreteram”, seguindo o movimento de NY. No balanço mensal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu de R$ 1.290,00 a saca ao final de setembro na base de compra para R$ 1.030,00 a saca, uma queda de 20,1%. Já o conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, caiu de R$ 735,00 para R$ 580,00 a saca na compra, baixa de 21,1%.

     Barabach comenta que o produtor vem assimilando as perdas e aparece um pouco mais no mercado. “Quem também mostrou um pouco mais a cara foi o comprador. Trata-se apenas de cobertura de necessidades imediatas. Assim, as indicações de compra abriram bastante, conforme a necessidade de cada comprador, e houve uma maior aproximação entre as ideias de compra e venda, alterando ligeiramente as feições do mercado e gerando oportunidades pontuais para aquele produtor que está precisando fazer caixa”, observou. Em linhas gerais, no entanto, o fluxo de vendas continua bastante travado. A menor disponibilidade e a retranca do vendedor continua dando o tom dos negócios, avalia, diante desses tombos no mercado internacional.

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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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