Conab corta em 3 mi de scs estimativa da safra brasileira de café 2022 para 50,38 mi scs

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     Porto Alegre, 20 de setembro de 2022 – A Conab Nacional do Abastecimento (Conab) em seu terceiro levantamento da safra brasileira de café 2022 revisou para baixo a produção para 50,38 milhões de sacas, 3 milhões de sacas a menos que no segundo levantamento (53,4 milhões de sacas). A produção deve ter um aumento de 5,6% em relação a 2021, quando foram colhidas 47,73 milhões de sacas.

     A safra de arábica foi colocada em 32,4 milhões de sacas em 2022, contra 31,44 milhões de sacas em 2021, aumento de 3,1%. Anteriormente a Conab estimava no segundo levantamento 35,7 milhões de sacas.

Já a safra 2022 de conilon é indicada em 17,97 milhões de sacas, crescimento de 10,3% em relação a 2021 (16,292 milhões de sacas). Anteriormente a Conab apontava produção de 17,7 milhões de sacas.

     Segundo a Conab, esse aumento na produção se deve a uma discreta expansão de 1,7% da área em produção e as melhores produtividades alcançadas, especialmente, pelo café conilon. “As condições meteorológicas registradas entre os meses de maio e setembro de 2021 foram determinantes para o aumento abaixo do esperado em relação à safra 2021. Porém, quando comparado com a safra 2020, ano de bienalidade positiva, como o atual, houve uma redução de 20,1% no total produzido. As condições meteorológicas registradas entre os meses de maio a setembro de 2021 foram determinantes para esse resultado”, comenta.

     A esperada influência da bienalidade positiva não se confirmou, e as intempéries climáticas registradas na safra 2021, com prolongados períodos de estiagem e geadas em algumas localidades, continuaram a influenciar negativamente a safra 2022, indica a Conab. Para a Companhia, nem a retomada das precipitações em bom nível nos primeiros meses de 2022 foi suficiente para evitar a diminuição do potencial produtivo. Atualmente, a produtividade média estimada é de 27,4 sc/ha, apenas 3,7% superior ao da safra 2021, ano de bienalidade negativa, e 22,2% inferior ao registrado na safra 2020, um ano de bienalidade positiva como o atual.

ÁREA TOTAL – As informações obtidas neste terceiro levantamento da safra de café 2022 indicam um crescimento de área total de 0,6% em comparação com o anosafra anterior. A estimativa é de que sejam destinados 2.242,0 mil hectares para a cafeicultura nacional, sendo 1.840,9 mil hectares para as lavouras em produção, incremento de 1,8% em relação ao exercício anterior, e 401,1 mil hectares de área em formação, valor 4,4% inferior ao da temporada passada.

Foram realizados pequenos ajustes nas áreas de café em formação e em produção da safra 2021, em função de novas informações coletadas. As áreas da safra 2022 também sofreram pequenos ajustes devido à identificação de áreas que foram erradicadas em razão dos efeitos adversos do clima, ocorridos entre junho e setembro de 2021, além de áreas que inicialmente passariam por podas ou esqueletamento, mas que foram mantidas em produção devido às altas cotações do café.

Minas Gerais, estado que contempla a maior área de café, com cerca de 1.334,3 mil hectares entre áreas em produção e áreas em formação, registrou um aumento de 2,8% em relação à safra 2021, sendo responsável por aproximadamente 60% de toda a área cultivada no país.

A área estimada para o cultivo com café arábica nesta safra é de 1.816,7 mil hectares, o que corresponde a quase 81% da área total destinada à cafeicultura nacional. Desta área, 1.452,1 mil hectares são de áreas em produção e 364,6 mil hectares são de áreas em formação.

Minas Gerais continua liderando a maior concentração de área, com 1.323,5 mil hectares, 2,8% superior ao da safra 2021, cuja expansão se deu em todas as regiões produtoras do estado, com destaque para a região da Zona da Mata.

Por outro lado, os estados do Paraná e Espírito Santo registraram redução de área de 15,4% e 16,5%, respectivamente. No Paraná, a erradicação de lavouras após as fortes geadas ocorridas em julho de 2021, além da maior competição de áreas com cultivos anuais são fatores preponderantes para os resultados observados. Apesar desses decréscimos em alguns estados, a área cultivada com café arábica no país foi semelhante à da safra anterior, tendo em vista a expansão da cafeicultura em outras regiões.

Para o café conilon,a estimativa é de aumento de 3,6% na área total cultivada, alcançando 425,3 mil hectares. Desse total, 388,8 mil hectares estão em produção e 36,5 mil hectares em formação.

Em todas as regiões produtoras houve aumento de área cultivada com café conilon em relação à safra passada, com destaque para o Espírito Santo e Rondônia, que registraram acréscimos de 4,3% e 2,9%, respectivamente.

Produtividade

Em Minas Gerais, maior produtor nacional, é esperada uma produtividade média de 21,7 sc/ha, valor 4,2% inferior à safra 2021. Já no Espírito Santo, a produtividade média esperada é de 41,2 sc/ha, resultado 16,4% superior ao obtido na safra passada.

PRODUTIVIDADE DE ARÁBICA

A colheita se encaminha para a fase final, com 95,6% já colhida, e esse avanço nas operações trouxe uma estimativa de produção menor do que o previsto no levantamento passado. A atual safra é reflexo das adversidades climáticas sofridas ao longo deste e do último ano. Os longos períodos de restrição hídrica e geadas ocorridos em 2021, afetaram o potencial produtivo das lavouras de café arábica para a safra 2022 em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Nesta safra, as precipitações frequentes ocorridas no início do ano, principalmente em Minas Gerais, provocaram grande lixiviação de potássio, nutriente importante na síntese e transporte de carboidratos para os frutos, além da diminuição da atividade fotossintética das lavouras, em razão da ocorrência de dias mais nublados. Esses fatores somados, prejudicaram a produtividade da safra atual.

A produtividade média esperada para o café arábica na safra 2022 é de 22,3 sc/ha, apenas 1,8% superior à da safra passada, ano de bienalidade negativa, porém 30% inferior ao obtido na safra 2020, quando foi alcançada a produtividade média de 32,2 sc/ha.

PRODUTIVIDADE DE CONILON

O clima foi favorável ao desenvolvimento das lavouras na maioria das regiões produtoras, quando comparado com áreas de café arábica. As boas precipitações registradas, especialmente entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, aliadas às temperaturas ideais registradas, favoreceram a planta nos estágios fenológicos de chumbinho, enchimento e granação, projetando um aumento de produtividade de 6,6%, em relação à safra 2021, com uma média de 46,2 sc/ha.

No Espírito Santo, estado responsável por 68% da produção nacional de café conilon, é esperado, em relação à safra anterior, um aumento de 4,7% na produtividade, estimada em 47,2 sc/ha. Em Rondônia, segundo estado na produção nacional do conilon, é esperado um aumento de 21,1%, devendo alcançar 43,1 sc/ha.

Produção

Minas Gerais, maior estado produtor, espera 22.033,1 mil sacas de café beneficiadas, queda de 0,5% em relação à safra 2021, e de 36,4% em comparação com a safra 2020. De acordo com a literatura, existe a possibilidade de inversão na bienalidade do café arábica, porém, são necessárias mais safras para confirmar essa tendência, sendo, atualmente, as adversidades climáticas o fator preponderante para a obtenção de tais resultados.

PRODUÇÃO DE ARÁBICA

Para a safra 2022 é esperado uma colheita de 32.410,2 mil sacas de café beneficiadas, aumento de 3,1% em relação à safra 2021. Apesar da expectativa de maior volume a ser colhido, os números estão abaixo do esperado, uma vez que as condições climáticas desfavoráveis ocorridas entre junho e setembro de 2021 – com secas e geadas –, além do excesso de precipitações em Minas Gerais, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, foram determinantes para uma diminuição na produção esperada.

Mesmo o volume a ser colhido superando o da safra passada, ele ficou abaixo do esperado, pois as condições climáticas desfavoráveis ocorridas entre junho e setembro de 2021, com secas e geadas, além do excesso de precipitações ocorridos em MG, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, foram determinantes para uma diminuição na produção esperada

PRODUÇÃO DE CONILON

Em praticamente todas as regiões produtoras de café conilon, as boas precipitações registradas nos estágios fenológicos cruciais e temperaturas próximas do ideal, foram responsáveis por um aumento na produção desta safra. A produção do café conilon está estimada em 17.970,3 mil sacas de café beneficiadas, valor 10,3% superior ao obtido na safra 2021. Somente o Espírito Santo estima produzir 12.234,0 mil sacas, sendo responsável por 68% da produção nacional de café conilon. Destaques positivos também para Rondônia e Mato Grosso, que registram aumentos de 23,7% e 16,6%, respectivamente, para a produção desta safra.

MERCADO – AVALIAÇÃO DA CONAB

O Brasil exportou cerca de 25,7 milhões de sacas de 60 kg de café no acumulado de janeiro a agosto de 2022, segundo dados disponibilizados pelo Ministério da Economia. Esse volume representa uma redução de 9,7% na comparação com igual período do ano passado, desempenho influenciado pela quebra da produção em 2021 e consequente restrição da oferta doméstica nos primeiros meses de 2022.

No ano de 2021, já se esperava uma produção menor do que a observada em 2020 devido à bienalidade produtiva do café Arábica, no entanto o potencial produtivo das lavouras foi ainda mais reduzido em razão da seca influenciada pelo fenômeno climático La Niña. Essa quebra da produção em 2021, combinada a um cenário de exportação firme naquele ano, resultou na redução dos estoques e menor disponibilidade de café para exportação no início de 2022. A redução do dólar em relação ao real também influenciou a queda da exportação do café brasileiro nos primeiros oito meses deste ano.

No acumulado de janeiro a agosto de 2022, o Brasil exportou café para 136 países, sendo Estados Unidos e Alemanha os principais destinos, com respectivas participações de 20,9% e 18,6% em termos de quantidades, seguidos por Bélgica (9,0%), Itália (8,4%) e Japão (4,3%). Dois portos concentraram cerca de 94,0% dos embarques do café brasileiro para o exterior nos oito primeiros meses deste ano, com participação de 83,0% do porto de Santos e 11,0% do porto do Rio de Janeiro.

Apesar da redução observada na quantidade exportada, o valor da exportação de café no acumulado de janeiro a agosto de 2022 apresentou aumento, cenário favorecido pela valorização do produto no mercado internacional. A exportação do café brasileiro nos primeiros oito meses de 2022 rendeu cerca de US$ 5,9 bilhões, o que corresponde a um expressivo aumento de 54,3% na comparação com igual período do ano passado.

No mercado internacional, a produção global de café apresenta recuperação de 4,7% no ciclo 2022/23, na comparação com a temporada anterior, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Apesar desse aumento na produção global, importantes países produtores têm apresentado problemas relacionados ao clima, como é o caso de Brasil e Colômbia, podendo ocorrer ajustes negativos na produção desses países até o final da temporada.

O consumo global de café na safra 2022/23 apresenta crescimento de 1,1% em relação ao ciclo anterior e atinge um patamar recorde na série histórica. Diante deste quadro de produção e consumo no mercado mundial, a estimativa do USDA é de que o estoque de café apresente aumento de 6,3% na safra 2022/23, embora ainda se mantenha em um dos patamares mais baixos das últimas temporadas.

As cotações internacionais apresentam alta volatilidade desde o final de fevereiro deste ano, quando o agravamento do conflito bélico na Ucrânia trouxe muitas incertezas ao mercado de commodities. O preço médio do café Arábica na Bolsa de Nova Iorque em agosto de 2022 foi de 224,22 centavos de dólar por libra-peso para o contrato de primeiro vencimento, o que representa uma alta de 3,5% em relação ao mês anterior e de 22,9% na comparação com agosto do ano passado. O café Robusta na Bolsa de Londres apresentou preço médio de 99,21 centavos de dólar por libra-peso em agosto de 2022, aumento de 11,1% em relação ao mês anterior e de 17% na comparação com igual período do ano passado.

Além da estimativa de demanda aquecida entre 2022 e 2023, a preocupação com a oferta também dá suporte à alta dos preços do café no mercado internacional. As informações de queda da produção na Colômbia nos primeiros meses de 2022 e de chuvas abaixo da média em regiões produtoras do Brasil favorecem o aumento dos preços internacionais.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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