Café apresenta perdas em NY com sentimento de melhora na oferta

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     Porto Alegre, 19 de agosto de 2022 – O mercado internacional de café, que tem como referência os contratos futuros do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), teve uma semana de preços mais baixos. O sentimento de aperto na oferta no curto prazo foi aliviado e deu lugar à visão de uma disponibilidade mais tranquila de café globalmente no longo prazo.

     O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, comenta que o mercado até tentou romper amarras e avançar acima da resistência de 220 cents na ICE US. “Mas a aventura durou muito pouco. Assim, a posição dezembro/2022 segue dentro de intervalo lateral, encontrando dificuldade de sustentar ganhos mais expressivos diante da incerteza econômica global e da expectativa de uma melhora futura na oferta, especialmente a partir de safra cheia no Brasil em 2023”, aponta.

     Na parte inferior, avalia o consultor, o mercado desenha um fundo acima de 200 cents repercutindo a pouca disponibilidade física e as dúvidas em torno da safra brasileira de 2022. “Sem romper essas amarras, o preço café em NY altera sequências de ganhos e baixas influenciado pelo preço de outras commodities e oscilação do dólar”, analisa.

Consultor de SAFRAS, Gil Barabach

     Os estoques certificados de café na bolsa de NY que vinham caindo, voltaram a subir e a se aproxima de 600 mil sacas. Barabach destaca que chamou atenção do mercado a notícia divulgada pela Reuters que traders buscam recertificar café, que foi retirado dos armazéns da ICE US nos últimos dois meses. “O fato é que nos armazéns da Antuérpia há registro pendentes para certificação de 263 mil sacas, embora a bolsa não confirme que se trate de recertificações. Esses cafés têm em média 2 anos de idade e se fossem vendidos diretamente no físico teriam um deságio entre 4,15 a até 7,25 cents, segundo importadores”, afirma.

     A pouca disponibilidade física e o preço alto praticado nos principais destinos mundiais gera questionamentos sobre o porquê da volta desse café aos armazéns da bolsa, aborda Barabach. “Será a qualidade, que é muito abaixo da esperada, ou foi um erro de avaliação dos traders, que retiraram um volume de café acima da necessidade? Afinal de contas, a demanda tem encurtado a mão e busca alongar suas posições diante dos sinais de desaceleração da economia mundial. E as temperaturas altas no verão do hemisfério Norte favorecem a postura menos agressiva da indústria no curto prazo”, observa. O fato é que essa subida nos estoques traz um certo alívio ao mercado, porque eles vinham “ladeira abaixo”.

     No balanço dos últimos sete dias, entre 11 e 18 de agosto, os contratos para dezembro em NY caíram de 219,55 para 211,85 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,5%. Em Londres, o contrato novembro do robusta no mesmo comparativo caiu apenas 0,2%. “Há também um descolamento do robusta em relação ao arábica, com o primeiro tentando recuperar valor relativo perdido ao longo dos últimos meses”, diz o consultor. A melhor sustentação do robusta em Londres em relação ao arábica em NY reflete a menor disponibilidade do Vietnã, nesse final de ciclo produtivo. “Problemas climáticos e queda na produção junto com o elevado percentual de venda dos produtores justificam a menor oferta na reta final da temporada”, afirma Barabach

     O mercado físico brasileiro de café teve uma ligeira melhora no fluxo de comercialização na semana. No FOB exportação observa-se uma pouco mais de fluidez dos negócios, especialmente para posições de outubro em diante, aponta a SAFRAS Consultoria. “Em linhas gerias, as vendas seguem bem compassadas, com o produtor que precisa fazer caixa aparecendo de forma pontual ao mercado, buscando aproveitar algum repique no preço”, indica Barabach.

     No balanço entre 11 e 18 de agosto, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu na base de compra de R$ 1.290,00 para R$ 1.270,00 a saca, baixa de 1,55%. Com o produtor dosando a oferta e com o dólar tendo na semana ligeira alta de 0,2% no período comparado, os preços do arábica de melhor qualidade no Brasil estão caindo menos que em NY.

     O conilon tipo 7 em Vitória/Espírito Santo, entre 11 e 18 de agosto, se manteve estável na base de compra em R$ 725,00 a saca. A preferência da indústria pelo conilon em seus blends diante dos altos custos garante suporte às cotações.

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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