Ritmo da alta perde força em abril no Brasil, mas trigo segue firme

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     Porto Alegre, 29 de abril de 2022 – Os preços domésticos do trigo encerraram o mês de abril com uma alta média nos preços de 3,8% nas principais praças de comercialização do país. No primeiro quadrimestre do ano o ganho acumulado é de 16,4%. A avaliação é do consultor de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.

     Depois de operar em níveis recordes no final da primeira quinzena de março, as cotações davam sinais de exaustão. “Os preços internacionais haviam interrompido a escalada de alta e refletiam esse comportamento nas cotações do principal fornecedor brasileiro, a Argentina”, disse.

     No mercado cambial, o mês de abril iniciou com o dólar perdendo força, atingindo o fechamento mínimo de R$ 4,61 no dia 4. Naquele mesmo dia a tonelada (t) do trigo argentino era cotada a US$ 365 nos portos. Numa eventual aquisição por um moinho da região de Curitiba/PR chegaria ao CIF a R$ 1.921/t. A paridade de importação no interior do estado ficaria por volta de R$ 1.840/t. 

     “A partir da segunda quinzena de abril, contudo, o cenário mudou. As cotações na Argentina, respondendo a uma maior firmeza das cotações internacionais e à escassez de oferta no mercado local, iniciou uma escalada de alta e fechou o mês com um preço recorde de US$ 425/t (+16%)”, explicou Bento.

     No mercado cambial, o lockdown na China devido a casos de covid-19, a iminência de alta nas taxas de juros nos Estados Unidos para conter a inflação e as incertezas institucionais no Brasil levaram a moeda norte-americana a fechar o mês de abril com uma alta próxima a 4%.

     Segundo o analista, nessa nova realidade de preços na Argentina e de câmbio no Brasil, uma compra do cereal argentino chegaria ao CIF de um moinho de Curitiba a R$ 2.360/t e a indicação no FOB seria de R$ 2.280/t. “Essa elevação de R$ 440/t no nível de paridade de importação é que justifica a retomada de alta para as cotações do cereal. É importante salientar ainda que os preços domésticos ainda estão 15% abaixo do nível de paridade de importação’, concluiu.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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