Puxado por aversão ao risco e Fed duro, dólar fecha em forte alta

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Porto Alegre, 22 de abril de 2022 – O dólar comercial fechou em R$ 4,8060, com alta de 4,04%. O movimento de fortíssima aversão ao risco foi influenciado pela fala hawkish (dura) do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell ontem e, em segundo plano, pelo conflito entre o presidente Jair Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o analista de riscos da Ajax Capital, Rafael Passos, “o quadro que os bancos centrais desenvolvidos vão acelerar o aumento dos juros está confirmando. O aperto mais duro nos Estados Unidos segue sendo o principal driver, com a disseminação da inflação”.

Passos, contudo, também menciona o novo embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF): “O fator político não contribui, com o conflito entre Bolsonaro e o Supremo, aumentando o risco institucional”, ressalta. O economista também destacou que a política de lockdown na China pode afetar a cadeia produtiva chinesa, impactando nos preços e crescimento do país asiático.

De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “para o Powell assumir a inflação deste jeito, o impacto é ainda maior do que imaginamos. O consumo nos Estados Unidos está muito, devido à grande injeção de dinheiro. Eles têm um problema bem grande”.

Já no cenário doméstico, Nagem enxerga com pessimismo o novo capítulo do embate institucional: “Com o Bolsonaro peitando o Supremo, a situação pode ficar feia. Ele não precisava ter feito isso”, analisa.

Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “este movimento de estresse vai dominar o mercado. O discurso do (presidente do Fed, Jerome) Jerome Powell foi hawkish (duro), e demonstrou preocupação com a inflação nos Estados Unidos. Já tem casa projetando que, em algum momento, o aumento dos juros nos Estados Unidos será de 0,75%, mas não na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês)”.

Komura acredita que, a curto prazo, o dólar deve ganhar força: “Nem as commodities vão segurar o Brasil. Este dólar faz total sentido”, pontua.

As informações são da Agência CMA.

Revisão: Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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