Preços do café esboçam reação em NY e testam linha de US$ 2,30

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     Porto Alegre, 08 de abril de 2022 – Os preços do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional, recentemente passaram por uma reação, acumulando 6 sessões de altas entre 29 de março e 05 de abril, chegando a bater para maio em US$ 2,30 a libra-peso. Seguiram especialmente o petróleo e outros mercados, com o mercado também sustentado pela queda do dólar contra o real. No momento do fechamento desta coluna, nesta sexta-feira, NY novamente superava a linha de US$ 2,30 a libra-peso.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o arábica buscou realinhamento ente 225 a 230 cents na ICE US, enquanto espera a chegada da safra brasileira de 2022. Ele lembra que o café chegou a trocar de mãos perto de 260 cents no começo de fevereiro. Ele observa que o resultado do primeiro trimestre de 2022 é bem emblemático deste momento. Em meio ao sobe e desce, o café arábica fechou os primeiros três meses do ano praticamente de lado na bolsa de NY,  com ganho acumulado para a 2ª posição em apenas 0,2%. “Esse comportamento reforça os sinais de exaustão de alta”, adverte.

     Ele coloca que, apesar do desempenho recente, o saldo ainda é bem positivo. No acumulado dos últimos 12 meses os ganhos com 2ª posição de café arábica na ICE US superam 80%. “O café apresentou uma performance melhor que o petróleo, ficando também bem acima do índice de commodities CRB, o que reforça o excelente desempenho”, comenta.

     Já o dólar adota caminhos distintos, aponta o consultor. Enquanto o índice DXY (index dólar) que confronta a divisa norte-americana contra outras moedas fortes somou ganho perto de 3% no primeiro trimestre de 2022, o dólar contra o real acumulou perdas de 14%. “Apesar da recente alta do dólar, a moeda local segue muito apreciada, refletindo o saldo positivo de entrada de recursos externos”, diz. Com isso, o dólar comercial tenta se recuperar depois de ter caído no patamar mais baixo em mais de 2 anos.

     O que alivia um pouco a pressão negativa sobre a composição dos preços de café é o diferencial FOB mais valorizado no spot, indica Barabach, diante da escassez de oferta nesse início de transição entre as safras aqui no Brasil. “É bom lembrar que a colheita de arábica só inicia em maio e em muitas regiões só ganha força a partir de junho”, lembra.

     A bebida boa do Sul de Minas, que trocou de mãos a R$ 1.550 a saca no começo de fevereiro é indicada atualmente na compra em torno de R$ 1.250 a saca. “É claro que a volatilidade financeira ainda pode influenciar o comportamento dos preços do café, mas a direção do mercado vai estar cada vez mais ligada a entrada da nova safra brasileira. E, sem novidades, o mercado tende a buscar um realinhamento negativo, refletindo a pressão sazonal, mesmo diante de uma safra bem abaixo do seu potencial produtivo”, acredita o consultor. Ele diz que o clima ganha destaque no radar. “O excesso de chuva impacta o andamento da colheita e o frio extremo o potencial produtivo futuro”, pondera.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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