Porto Alegre, 01 de abril de 2022 – O mês de março foi novamente de muita volatilidade no mercado internacional de café, ante a guerra entre Rússia e Ucrânia e o impacto geral sobre bolsas de valores, de commodities e na economia global. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) para o arábica e na Bolsa de Londres para o robusta, as cotações caíram no balanço de março, mas no Brasil a queda no físico para o arábica foi bem mais sentida.
O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, indica que o mercado vem ajustando sinais fundamentais e segue vulnerável à oscilação de humor financeira, enquanto aguarda a chegada da nova safra brasileira. “Novos números da safra brasileira 2022 vem confirmando, praticamente, cenários anteriores, embora revelem um leve viés de melhora produtiva. E isso acaba reforçando os sinais de baixa nos preços internacionais, influenciando, principalmente, a postura dos fundos”, comenta.
No lado financeiro, Barabach comenta que a guerra na Ucrânia e o lockdown na China servem como fatores de volatilidade ao preço das commodities, influenciando também o café. Por outro lado, o dólar em queda contra o real no Brasil é fator altista, travando as vendas por parte dos produtores e tirando competitividade do país nas exportações.
A chegada da safra brasileira, em que pese a perda de potencial produtivo pelo clima desfavorável em 2021 (seca e geada), é fator sazonal baixista. A colheita do conilon começa agora já em abril e a do arábica em maio.
No balanço mensal na Bolsa de NY, o arábica para maio no acumulado de março teve queda de 2,8%, caindo de 232,90 centavos de dólar por libra-peso ao final de fevereiro para 226,40 centavos no fim de março. No primeiro trimestre de 2022, em NY o arábica para maio acumulou ligeira alta de 0,2%, pois havia fechado ao final de 2021 em 226,00 centavos.
Na Bolsa de Londres, o robusta para maio subiu no balanço de março 3,6%. No primeiro trimestre de 2022, o contrato acumulou queda de 6,3%.
No mercado físico brasileiro de café, as cotações caíram bem mais ao longo de março. A forte baixa do dólar no mês, com o comercial caindo 7,6% em março, pesou sobre os preços do café em reais no país, além das perdas externas. E a proximidade da colheita da safra nova completou o cenário de pressão sobre as cotações.
No balanço de março, o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais, com 15% de catação, caiu de R$ 1.450,00 para R$ 1.240,00 a saca, queda de 12%. No trimestre, esse café acumulou desvalorização de 14,5%.
O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, caiu menos em março, de R$ 805,00 para R$ 795,00 a saca, baixa de 1,2%. No trimestre, esse café acumulou baixa de 3,6%.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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