2021 foi agitado para soja no Brasil e no mundo, com altos preços

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Porto Alegre, 23 de dezembro de 2021 – No Brasil, o ano de 2021 começou com um estoque de passagem de soja extremamente baixo e com atrasos na colheita devido aos problemas registrados durante o período de plantio da safra 2020/21. Apesar destes problemas e da incidência do fenômeno La Niña, a produção brasileira conseguiu alcançar um novo recorde produtivo, com grandes produtividades médias na maioria dos estados produtores do país.

O analista de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque lembra que esta grande safra foi suficiente para recuperar os estoques ao longo do ano, reequilibrando o quadro de oferta e demanda. “Apesar disso, a entrada desta superprodução acabou pesando pouco durante as primeiras semanas de colheita, levando em conta os baixos estoques de passagem”, disse.

Quando a entrada da safra começou a pesar sobre os prêmios, o USDA trouxe uma surpresa ao indicar uma área a ser semeada com soja nos Estados Unidos inferior ao que o mercado esperava, o que começou a trazer um grande fôlego para os contratos futuros em Chicago a partir do final do mês de março. Nas semanas seguintes, Chicago voltou a trabalhar acima da linha de US$ 16,00 por bushel, o que não ocorria desde meados de 2013. Este fato, somado a um dólar valorizado frente à moeda brasileira, levou os preços brasileiros a atingirem novos recordes no mês de abril, no auge da entrada da safra.

“Daí pra frente, Chicago continuou trabalhando de olho no tamanho da nova safra dos EUA. Internamente, a grande disponibilidade de soja impediu que os preços continuassem subindo, o que abriu espaço para correções negativas ao longo dos meses de maio e junho. Além disso, Chicago perdeu força diante de um bom desenvolvimento da safra norte-americana, mesmo com alguns problemas em alguns estados. A safra dos EUA se consolidou como a segunda maior da história daquele país, o que trouxe recuperação para os estoques norte-americanos. Os contratos futuros em Chicago, agora mais pressionados com a recuperação dos estoques, voltaram para o patamar de US$ 12,00 por bushel”, explicou Roque.

Ele observa que apesar disso, novas valorizações do dólar sustentaram os preços brasileiros no segundo semestre. “Com a soja brasileira competitiva, a grande demanda internacional ajudou no consumo da superprodução colhida no país, resultando em mais um recorde de exportações”, disse.

Frente aos preços elevados e a um forte consumo, a grande rentabilidade da soja voltou a incentivar os produtores brasileiros a aumentarem suas áreas na nova safra, o que resultou e uma nova área recorde. O clima positivo registrado nos meses de setembro, outubro e novembro permitiu um forte avanço dos trabalhos de plantio nos principais estados produtores do país, possibilitando também um bom desenvolvimento inicial das lavouras. A partir daí, todas as atenções se voltaram para o clima, principalmente devido ao segundo ano consecutivo de incidência do fenômeno La Niña.

“Com um potencial produtivo recorde, exportações fortes e preços sustentados por Chicago e dólar, o mercado brasileiro de soja encerra 2021 com grandes resultados consolidados e de olho em um 2022 promissor, mas também incerto frente à piora climática registrada no último mês do ano”, finalizou o analista.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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