Porto Alegre, 16 de dezembro de 2021 – O mercado brasileiro de trigo se encaminha para o período de férias coletivas da indústria. Nesta reta final de ano, os negócios ficam travados e os preços tendem a oscilar pouco. Ainda assim, no dia 15 de dezembro, as cotações internas subiram expressivamente, conforme o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.
No Paraná foram reportados negócios no FOB interior entre R$ 1.730 e R$ 1.750 a tonelada. O vendedor elevou suas pedidas para cerca de R$ 1.800/tonelada. “Essa alta é garantida pela paridade de importação e só não é mais expressiva porque os moinhos estão comprados e com a logística de janeiro já tomada”, disse.
No mercado gaúcho, as altas foram puxadas, principalmente, pela forte demanda do mercado externo a preços bastante atrativos. Foram reportados negócios para pagamento no início de fevereiro a R$ 1.700/toneladas sobre rodas no porto de Rio Grande. Para pagamento em março saiu a R$ 1.720/tonelada. No FOB interior as indicações de compra oscilam entre R$ 1.570/tonelada na região das Missões até R$ 1.600/tonelada no centro do estado. “O apetite do comprador internacional fará com que o cereal do estado se torne escasso na entressafra”, pontuou.
Conforme Bento, o destaque no Rio Grande do Sul fica por conta dos recordes de venda ao exterior. Os line ups mostram que somente neste mês de dezembro foram embarcadas 329,5 mil toneladas e ainda tem outras 163 mil toneladas a embarcar. Isso corresponde a um montante de 492,5 mil toneladas, que supera o total exportado em dezembro do ano passado (255 mil toneladas) em 93%.
“Para se ter uma ideia os line ups totais de importação brasileira para o mês de dezembro estão em 206,8 mil toneladas. Isso mostra que o país acumula um superávit comercial no mês de 285 mil toneladas. Desde 2009, apenas em 4 meses o país foi superavitário na balança comercial do cereal e, normalmente, em períodos que o Governo realizou PEP para equalizar o mercado ao preço mínimo”, disse.
No mercado internacional, a expectativa de aumento na oferta na próxima temporada fez com que os preços se afastassem das máximas registradas em outubro e novembro. Em Chicago, caíram aproximadamente 2% na primeira quinzena de dezembro. A expectativa é que os altos preços aumentem o interesse dos produtores em cultivarem trigo na próxima safra. Ainda assim, incertezas quanto ao abastecimento e ao desenrolar da pandemia seguem impedindo maior clareza sobre o futuro do mercado.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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