Comercialização de café no Brasil da safra 2021 avança para 78%

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     Porto Alegre, 10 de dezembro de 2021 – A comercialização da safra brasileira de café de 2021/22 até o último dia 07 de dezembro atingia 78% do potencial de produção, contra 72% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é superior a igual período do ano passado, quando girava em torno de 74% da safra. O fluxo de vendas também está bem acima da média dos últimos anos para o período (70%).

     Assim, já foram negociadas 43,93 milhões de sacas de uma produção estimada em 2021/22 por SAFRAS & Mercado de 56,5 milhões de sacas.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, embora ainda bem compassado, o fluxo de vendas de café no Brasil avançou um pouco mais em novembro, particularmente, se comparado aos meses imediatamente anteriores. “Sem dúvida, a escalada no preço do café serviu de impulso para as negociações. Além disso, uma melhor avaliação no volume de comprometimento, depois de finalizadas as entregas das negociações a termo (vendas futuras), ajuda a explicar a performance comercial em novembro. 

     Para Barabach, é fato que os preços praticados no mercado físico interno estão mais atrativos ao vendedor. A escalada no preço internacional do café e o dólar muito firme balizam essa melhora na cotação. A bebida boa do Sul de Minas alcançou o patamar deflacionado mais alto desde dezembro de 1999 ao ser indicada a R$ 1.440,00 a saca de 60kg. “De uma outra forma, o poder de compra da saca de café é o maior em 22 anos. E, mesmo assim, não se observa afobação do vendedor, que continua retraído e trabalhando lentamente suas necessidades. A retranca vendedora, por vezes, tem forçado o comprador mais curto e necessitado a ser mais agressivo”, comenta. Também percebe-se um spread mais largo entre as ideias de compra e venda, que dificulta os negócios.

     A comercialização de arábica chega a 75% da safra brasileira 2021, ligeiramente acima de igual período do ano passado, quando alcançava 74%, mas bem superior  média de 5 anos para período (69%). Já as vendas de conilon alcançavam 82% da safra 2021, contra 74% vendido em igual época do ano passado e 70% na média dos últimos cinco anos para o período.  

     O vendedor, especialmente de arábica, deve seguir bem retraído, acredita o consultor de SAFRAS. “O produtor normalmente encolhe um pouco a mão no mês de dezembro, por questões tributárias, como o IR. Além disso, há a aposta na continuidade da alta nos preços, diante da oferta disponível muito curta e do avanço da entressafra”, diz. Isso sem falar nas dúvidas em relação à safra brasileira de 2022, como lembra Barabach.

     A ideia é que as vendas sigam da mão para boca pelo menos até o início de 2022, crê o consultor. “Nesse caso, só haverá uma mudança mais significativa na postura do vendedor diante de uma queda mais acentuada no preço do café. No conilon, por conta da chegada da safra mais cedo que o arábica e do potencial de alta da safra 2022, talvez, se observe um pouco mais de interesse de venda no início de 2022”, conclui.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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