Café fecha em baixa em NY em meio a fatores técnicos e dólar firme

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     Porto Alegre, 08 de setembro de 2021 – A Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures US) para o café arábica encerrou as operações desta quarta-feira com preços mais baixos.

     A sessão foi volátil e NY terminou com perdas expressivas em meio a fatores técnicos, com realização de lucros. O mercado testou e chegou a trabalhar abaixo da importante linha técnica de US$ 1,90 a libra-peso. Mas, reagiu dessa mínima e fechou para dezembro ligeiramente acima deste patamar, mostrando que de fato este é um importante suporte técnico.

     Os preços foram pressionados para o café pelo dólar em elevação contra o real no Brasil e firmes contra outras moedas. NY também observou os dados da Organização Internacional do Café (OIC) de oferta e demanda.

     A produção global de café no ano-safra 2020/21 (outubro-setembro) deve totalizar 169,644 milhões de sacas de 60 quilos, alta de 0,4% na comparação com 2019/20 (168,980 milhões de sacas), disse a Organização Internacional do Café nesta quarta-feira em seu relatório mensal de acompanhamento do mercado. Em agosto, a estimativa de produção era de 169,604 milhões de sacas.

     A produção mundial de café arábica deve atingir 99,280 milhões de sacas em 2020/21 (+2,3%), ante as 99,245 milhões de sacas apontadas em agosto. Por outro lado, a safra de robusta deve cair 2,1%, totalizando 70,365 milhões de sacas, ante 70,360 milhões de sacas em agosto.

     Já o consumo global de café em 2020/21, segundo OIC, atingirá 167,011 milhões de sacas, com alta anual de 1,9% (163,894 milhões de sacas em 2019/20). Em agosto, a estimativa para a demanda global de café em 2020/21 era de 167,584 milhões de sacas. Com isso, o mercado global de café terá superávit entre a oferta e a demanda na ordem de 2,633 milhões de sacas em 2020/21, após um excedente de 5,086 milhões de sacas observado em 2019/20. Em agosto, a OIC estava apontando um excedente de 2,019 milhões de sacas.

     Conforme a OIC, a situação no Brasil tornou-se objeto de séria preocupação, apesar do impacto exato na produção esperada para 2021/22 após as geadas e a prolongada estiagem ainda ser incerto. A safra iniciada em abril já seria menor diante do ciclo bianual do café arábica e da falta de chuvas. Além disso, as recentes geadas deverão danificar um significativo número de árvores, com efeitos negativos sendo sentidos na safra 2022/23 e também nas próximas. As autoridades brasileiras ainda avaliam a magnitude de uma das mais intensas geadas da história recente.

     Enquanto isso, apesar da revisão negativa no número para 2020/21, o consumo global de café deve continuar crescendo com o alívio nas restrições relacionadas à Covid-19 e a subsequente melhora dos índices econômicos. Nos últimos dez anos, o consumo mundial cresceu a uma média anual de 1,9%. Para a temporada 2020/21, o consumo de café nos países importadores deve crescer 2,3%, para 116,5 milhões de sacas enquanto a demanda doméstica nos países produtores deve aumentar cerca de 1%, para 50,5 milhões de sacas. A parcela do consumo doméstico nos países produtores, que representa 30,5% do consumo global em 2020/21, deve crescer ainda mais como resultado da melhora no padrão de vida das suas crescentes populações.

     Os contratos com entrega em dezembro/2021 fecharam o dia a 190,20 centavos de dólar por libra-peso, queda de 3,75 centavos, ou de 1,9%. A posição março/2022 fechou a 192,90 centavos, baixa de 3,75 centavos, ou de 1,9%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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