Porto Alegre, 25 de junho de 2021 – Entre os principais destaques no mercado de café nesta semana, esteve sem dúvidas a divulgação do relatório semestral de oferta e demanda global do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O relatório apontou queda na produção mundial em 2021/22, menores estoques e aumento no consumo, com um déficit pequeno na oferta contra a demanda.
A produção mundial de café 2021/22 deverá ficar em 164,839 milhões de sacas de 60 quilos, com queda de 6,2% sobre a safra 2020/21, indicada em 175,811 milhões de sacas. O USDA indicou que essa queda na produção se deve especialmente pelo ciclo bienal de baixa produção este ano no Brasil e ainda com problemas climáticos.
O consumo mundial de café em 2021/22 foi colocado em 164,971 milhões de sacas, com incremento de 1% no comparativo com 2020/21 (163,141 milhões de sacas).
Segundo o USDA, as exportações globais de café em 2021/22 devem chegar a 115,45 milhões de sacas, contra 120,3 milhões de sacas em 2020/21.
Os estoques finais de café na temporada 2021/22 são colocados em 32,018 milhões de sacas, com queda de 20% no comparativo com 2020/21 (39,9 milhões de sacas).
A produção brasileira 2021/22 é estimada em 56,3 milhões de sacas, contra 69,9 milhões de sacas em 2020/21. A produção vietnamita é colocada em 2021/22 em 30,83 milhões de sacas, no comparativo com 29 milhões de sacas em 2020/21. E a safra colombiana 2021/22 é estimada pelo USDA em 14,1 milhões de sacas, 200 mil sacas abaixo de 2020/21.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, além de reduzir a produção mundial 2021/22, o USDA também elevou o consumo global. “A retomada das atividades, com o avanço da imunização contra o coronavírus, baliza a performance do consumo. Nessa composição, o Departamento de Agricultura dos EUA projeta déficit mundial de 132 mil sacas em 2021/22, aquém das expectativas iniciais de déficit entre 3,5 a 4,5 milhões de sacas. Mas é bom lembrar que o mercado mundial vinha de uma sequência de três temporadas de superávit na oferta”, observa. Barabach comenta que a relação estoque-consumo recua para 19,4%, confirmando a situação de maior aperto na oferta mundial.
COLHEITA
A colheita de café da safra brasileira 2021/22 chegou a 40% até o dia 22 de junho, segundo levantamento semanal de SAFRAS & Mercado. Na semana anterior, a colheita estava em 34%. Tomando por base a estimativa de SAFRAS para a produção de café do Brasil em 2021/22, de 56,5 milhões de sacas de 60 quilos, é apontado que foram colhidas 22,86 milhões de sacas até o dia 22 de junho.
A colheita está levemente abaixo do ano passado para o período (41%). Os trabalhos estão atrasados frente à média dos últimos 5 anos, que é de 44%.
Segundo Barabach, os trabalhos avançam, com clima mais seco favorecendo a colheita e o beneficiamento do café. Tanto a colheita de arábica como de conilon mantém o bom ritmo, embora ainda atrasadas.
A colheita de arábica chega a 27% da produção, contra 32% em igual época do ano passado e 35% da média histórica para o período. “O perfil segue positivo, tanto em termos de granação como da bebida. Mesmo assim, ainda é cedo para traçar um parecer mais seguro sobre a safra”, comenta.
No conilon, os trabalhos já alcançam 63% da safra, em linha com igual período do ano passado. Porém, ainda aquém dos 69% de média para o período nos últimos 5 anos. “A maturação mais lenta, retardando o início dos trabalhos, e a safra maior deste ano explicam essa performance”, aponta.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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