Café esboça reação em NY, mas com dificuldades para superar US$ 1,10

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    Porto Alegre, 09 de outubro de 2020 – O mercado internacional do café teve mais uma semana volátil nas bolsas. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização da commodity, o arábica esboçou uma recuperação após as recentes perdas, mas mostrou dificuldades em romper e se manter acima da importante linha de US$ 1,10 a libra-peso no contrato dezembro.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o mercado de café segue muito volátil. “O arábica nova-iorquino até que esboçou alguma reação, mas continua com muita dificuldade de sustentar ganhos mais expressivos. Segue vulnerável ao financeiro incerto e à fraqueza do petróleo. Também é pressionado pelo dólar alto, especialmente frente ao real”, comenta. Ainda há a questão climática para a próxima safra do Brasil no foco, já que o momento é de abertura de floradas que vão resultar na safra de 2021, e de pegamento das floradas que já abriram.

     Barabach diz que a previsão de chuvas para o Brasil e o avanço da oferta de outras importantes origens reforçam o quadro de tranquilidade no abastecimento e também pesam contra as cotações da bebida. É bom lembrar que o último trimestre do ano marca a entrada da safra da Colômbia e de países da América Central, que produzem arábicas de alta qualidade, o que traz tranquilidade para os consumidores.

     A posição dezembro/20 chegou a trocar de mãos a 104,90 centavos de dólar por libra-peso no 1º pregão de outubro na ICE US. A bebida chegou a ser negociada a 111 cents, mas não conseguiu sustentar os ganhos e acabou fechando o pregão da quarta-feira (07) abaixo da referência de 110 cents. “Assim, o café iniciou o mês de outubro consolidando o tombo de setembro”, avalia Barabach.

     O “mercado de clima” ganha mais destaque, embora ainda sem refletir sobre as cotações internacionais, observa o consultor. “De um lado os produtores elevam o tom em relação aos temores climáticos”, adverte Barabach. O Fórum “Clima e Café” da Cooxupé nesta semana alertou sobre o risco de uma quebra sobre o potencial produtivo da próxima safra brasileira diante do déficit hídrico e as temperaturas bem acima da média.

     Porém, pondera Barabach, os operadores externos continuam apostando nas chuvas e em uma segunda florada grande no Brasil. “As chuvas devem voltar ao final dessa semana, mas ainda irregulares e insuficientes. E só a partir da segunda quinzena de outubro é que a umidade deve melhorar de forma mais significativa”, avalia. Além disso, a confirmação de “La Nina” no primeiro trimestre de 2021 pode afetar as chuvas no período de granação. “Há o quadro climático irregular em meio a uma safra brasileira 2021 de arábica potencialmente menor, dado o estresse produtivo causado pela safra recorde colhida esse ano”, adverte.

     Para Barabach, o fato de os fundos ainda carregarem uma carteira liquida comprada elevada (estão menos vulneráveis) suaviza o efeito climático sobre os preços. Mesmo assim, a safra 2021 continua a ser de risco e o clima segue no radar. “A chegada das chuvas favorece uma acomodação negativa na curva de preços, especialmente se vier acompanhada de boas floradas. Agora, se a umidade ficar abaixo do esperado abre-se espaço para uma nova puxada nos preços”, acredita o consultor.

     No balanço da semana entre 01 e 08 de outubro, o contrato dezembro na Bolsa de NY subiu de 107,05 para 110,25 centavos de dólar por libra-peso, alta de 3%. Já em Londres, o café robusta acumulou perdas nesse período comparativo no contrato novembro, recuando de US$ 1.288 para US$ 1.251 a tonelada, baixa de 2,9%.

     No mercado físico brasileiro de café, o ritmo seguiu fraco na comercialização e as cotações recuaram na semana. Ainda que em patamares elevados, o dólar comercial caiu no balanço semanal de 01 a 08 de outubro, em 1,1%. Com os preços desagradando os vendedores, as negociações estão envolvendo apenas lotes picados, com distância das bases de compra e venda.

     No balanço semanal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu no comparativo semanal (entre 01 e 08 de outubro) de R$ 520,00 para R$ 515,00 a saca. Na base de compra, uma baixa de 1,0%. O conilon tipo 7 em Vitória Espírito Santo recuou de R$ 390,00 para R$ 385,00 a saca, baixa de 1,3%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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