Porto Alegre, 18 de setembro de 2020 – A semana foi de fortes perdas para o café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional da commodity. A previsão de chuvas sobre o cinturão cafeeiro do Brasil neste próximo final de semana, benéficas à abertura de floras que vão resultar na produção de 2021, foi o principal fator baixista.
Em NY, o café arábica no contrato dezembro não só rompeu para baixo a importante linha de US$ 1,30 a libra-peso, como foi caindo e também rompeu o nível de US$ 1,20, com forte pressão vendedora dos fundos. Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o fato é que o mercado estava bastante inflado, havia subido bastante, frente aos temores com a queda constante dos estoques certificados e também diante do clima seco no Brasil, que repercutia no atraso das floradas da safra brasileira de 2021.
“A previsão de chuvas para o final de semana em áreas de café do Brasil acabou desencadeando um movimento de desmonte da proteção climática, que também trouxe à tona a proximidade da chegada da safra nova da Colômbia e América Central, o que tende a aumentar a oferta de suaves e aliviar a carência de estoques na bolsa nova-iorquina”, comentou Barabach. . E à medida que o mercado foi rompendo suportes, novos sinais técnicos de venda foram acionados, destravando ordens e acelerando as perdas.
Barabach indica que os fundos deram a dinâmica do mercado. “É bom notar que esses agentes detinham uma densa carteira líquida comprada em futuros (long) de 64.978 contratos ao final do pregão do dia 08 de setembro. Já havíamos alertado, neste espaço, para a fragilidade dessa posição. A melhora no clima acabou estimulando realizações e ajustes, forjando um rápido e expressivo ajuste na curva de preços externos de café”, afirma. O momento financeiro agitado e a maior liquidez nos mercados globais acabam estimulando guinadas nas posições financeiras desses agentes, pondera.
No balanço da semana, o contrato dezembro caiu de 132,45 centavos de dólar por libra-peso no fechamento da sexta-feira passada (11/09) para 118,00 centavos de dólar nesta quinta-feira (17/09), acumulando baixa de 10,9%.
No mercado físico brasileiro de café, a semana foi também de baixas, mas menos intensas, com vendedores dosando as negociações. O café arábica no sul de Minas Gerais caiu da sexta-feira passada (11/09) para esta quinta-feira (17/09) de R$ 565,00 para R$ 555,00 a saca de 60 quilos na base de compra. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, recuou no período em comparação de R$ 380,00 para R$ 375,00 a saca.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
Copyright 2020 – Grupo CMA