Café tem julho de fortes altas no mercado internacional

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    Porto Alegre, 31 de julho de 2020 – O mercado internacional do café vai encerrando o mês de julho com fortes ganhos nas bolsas de futuros do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) e do robusta em Londres (ICE Futures Europa). O mercado mudou drasticamente seu cenário e quebrou o paradigma de estar duramente pressionado pela colheita de uma safra recorde no Brasil. Em NY, que baliza a comercialização mundial, o arábica não só superou a linha de US$ 1,00 a libra-peso com venceu US$ 1,10 e fecha o mês buscando novo “teto” para o momento.

     O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, diz que o mercado de café alterou o comportamento, quebrando resistências e sustentando altas. “Em linhas gerais, o mercado alterou o foco ao elevar a influência da safra brasileira 2021 e da retomada da atividade global sobre os preços. A perspectiva de um dólar mais fraco mundialmente também pesa a favor da alta do preço do café”, avalia. A safra brasileira de 2021 será menor dentro do ciclo bienal da cultura e após uma safra recorde em 2020 que vai se confirmando.

     Olhando para uma safra brasileira menor adiante e com indicações de problemas também no Vietnã, o mercado trata de mudar seu patamar de atuação. Também se espera uma melhora nas economias, com o menor distanciamento social e evolução das vacinas do covid, baixa do dólar e reação no consumo do café no segundo semestre.

      No momento, o café arábica ainda ganhou força em NY com a troca de contratos, com operadores rolando a posição setembro/20 em direção a dezembro/20, o que deu dinâmica ao movimento, que também ganhou impulso técnico. No curto prazo, pondera Barabach, o mercado tende a seguir volátil e vulnerável a correções negativas, em meio ao processo de recuperação das cotações com a troca de perspectiva. O fundamental fraco no curto prazo, com a colheita de uma produção recorde no Brasil, deve continuar limitando as investidas de alta.

     Tecnicamente muito firme, o consultor indicou que a posição Dezembro/20 rompeu o patamar de 115 cents e chegou a trocar de mãos a 120 cents. “Acabou devolvendo parte dos ganhos, mas sustenta ao bom aspecto técnico. Assim, a bebida ampliou a distância positiva em relação ao parâmetro de 100 períodos e rompeu a média de 200 períodos, o que reafirma o status altista do movimento de preços”, salienta. O objetivo de alta é vencer a resistência em 120 cents e 121,55 cents para depois atacar o duplo topo em 129,30 cents, comenta. Na parte de baixo, alerta para o parâmetro de 200 períodos, pois a perda dessa linha pode reativar as ordens de venda e facilitar o caminho em direção à referência de 110 cents e mais abaixo à média de 100 períodos.

     Em outras palavras, ponderada Barabach, foi alterado o perfil técnico do mercado. “É lógico que as incertezas financeiras e a pressão fundamental de curto prazo ainda podem voltar a pesar contra as cotações da bebida. Mas, mesmo sujeito a volatilidades, o café mostrou poder de recuperação, deixando a sensação de que a pressão com a safra brasileira está sendo deixada para trás, pouco a pouco. E isso é positivo para os preços, especialmente no médio prazo”, avalia.

     No balanço mensal, o contrato setembro do café arábica na Bolsa de NY subiu 14,2%, passando de 101,00 centavos de dólar por libra-peso ao final de junho para fechar este dia 30 de julho em 115,35 centavos. Em Londres, o café robusta subiu no mesmo período em 12,9%.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações também avançaram em julho, mas a baixa do dólar e a pressão da entrada da safra limitaram o efeito positivo dos ganhos em reais ao produtor. O dólar comercial acumulou até o encerramento desta quinta-feira, dia 30, uma queda de 5,1%. Como a bolsa subiu mais, influenciou o mercado interno, com preço físico encontrando um campo fértil para subir, como aponta Barabach. E houve boa movimentação ao longo do mês nos negócios, com o produtor escalonando as vendas, mas aproveitando as subidas da bolsa.

      No balanço mensal, o arábica bebida dura com 15% de catação no Sul de Minas subiu de R$ 510,00 a saca na base de compra no final de junho para R$ 535,00 a saca no fim de julho, valorização de 4,9%. O conilon tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, subiu no comparativo de R$ 345,00 para R$ 355,00 a saca, alta de 2,9%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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