Safra 2020 de café não vai gerar excedentes, aponta CNC

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     Porto Alegre, 22 de março de 2020 – A colheita da safra 2020 de café do Brasil se aproxima e o comportamento do clima, até o momento, indica que deveremos colher um volume dentro do intervalo apontado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), entre 57,2 milhões e 62 milhões de sacas de 60 kg. A avaliação parte do balanço semanal do Conselho Nacional do Café (CNC).

     Segundo o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, como os estoques nacionais do produto estão em seus menores níveis históricos, o montante a ser colhido será suficiente para que o Brasil honre seus compromissos com exportação e consumo interno, sem gerar excedentes.

    “Com esse equilíbrio entre oferta e demanda, o mercado pode ter menores oscilações e os preços voltarem a ficar em níveis que gerem renda aos produtores”, projeta.

     Brasileiro comenta, contudo, que é corriqueiro, nessa época do ano, surgirem diversas especulações tendenciosas a respeito da safra brasileira. “O Brasil é o maior produtor mundial e jogar ao vento que teremos supersafra, safra recorde, só interessa a esses players, já que atuam com a intenção de depreciar o valor do produto e o comprarem a preços mais baixos”, critica.

     O presidente do CNC recorda que uma das formas possíveis para cafeicultor e cooperativas de produção não serem afetados pelas oscilações geradas por especulações ocorreu na semana passada, quando o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) aprovou orçamento recorde de R$ 5,71 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2020.

     Do total a ser disponibilizado para a cafeicultura a partir de julho deste ano, foram aprovados R$ 2,3 bilhões para a linha de financiamento de Estocagem; R$ 1,6 bilhão para Custeio; R$ 1,15 bilhão para Aquisição de Café (FAC); R$ 650 milhões para Capital de Giro; e R$ 10 milhões para Recuperação de Cafezais Danificados.

     “Essa disponibilização recorde do Funcafé reflete o trabalho que realizamos e a sensibilidade do governo federal, principalmente da ministra (da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Tereza Cristina e sua equipe, frente ao cenário de descapitalização dos produtores, gerados por seguidos anos de preços aviltados e custos elevados. Os recursos serão fundamentais para que os produtores não sejam pressionados a vender nos momentos de baixa e possam escoar sua safra ao longo dos 12 meses, otimizando sua renda”, destaca Brasileiro.

     O presidente do CNC orienta que, dotados de orçamento do Funcafé, produtores e cooperativas se atentem às possibilidades que o mercado apresenta relacionadas a cotações e taxa de câmbio. “Eventualmente aparecem janelas de oportunidades nas quais podemos fixar preços futuros para o café. Não podemos perdê-las”, conclui.

CORONAVÍRUS E OFERTA

     O Conselho também segue a linha adotada pelo Ministério da Agricultura e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) nesta semana e aponta que a cafeicultura, assim como todo o setor agro, não parará, assegurando o abastecimento do produto aos consumidores.

     “Talvez enfrentemos algum problema relacionado ao transporte das cargas, principalmente para o exterior, com a possibilidade de falta de contêineres que estão paralisados nos portos da China em função da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), mas desabastecimento não haverá”, pondera Brasileiro.

     Na quarta-feira (18), a ministra Tereza Cristina destacou, em nota, que o Brasil é um grande celeiro, produtor de alimentos, e “não precisamos ter nenhuma expectativa negativa de que não teremos alimentos para nosso povo”, referindo-se às mudanças na rotina dos brasileiros impostas pela pandemia de Covid-19.

     A ministra salientou, ainda, que a população deve se manter tranquila em relação à oferta de produtos alimentícios no varejo e elogiou os produtores rurais. “São os nossos heróis, que neste momento estão lá (no campo) dando duro, produzindo e realizando a maior safra colhida neste país, batendo recorde um sobre o outro para alimentar nossa população”.

     A CNA, na mesma data, afirmou que as atividades de produção e comercialização de alimentos permanecerão ativas, pois a demanda não será reduzida pela crise.

     “Do contrário, se faltarem alimentos ou se houver irregularidades no abastecimento, a saúde das pessoas será afetada e a própria harmonia social, que tanto precisamos nessa hora, será atingida (…) por essas razões, o Sistema CNA, em nome dos produtores rurais brasileiros, assegura à população que continuaremos produzindo normalmente”, posiciona-se a Confederação.

PREVENÇÃO E PRECAUÇÕES

     O CNC enaltece que é necessário que o Brasil coloque em prática medidas sensatas no combate à propagação do novo coronavírus, atendendo à orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para isolamento e paralização das atividades sociais, que tem gerado resultados iniciais satisfatórios para a contenção.

     Por outro lado, a entidade entende que, assim como o agro, os serviços sanitários, diante da gravidade do quadro atual, precisam ser mantidos, como os hospitais e todos os segmentos da cadeia de saúde, de forma que a população receba o amparo necessário nesse momento.

     “Em tempo, externamos nossa gratidão a todos esses heróis trabalhadores da saúde no Brasil e no mundo. Sem dúvida, vocês fazem a diferença nesse momento crítico e contribuirão para voltarmos o mais rápido possível à normalidade”, agradece o presidente do CNC.

Expediente CNC

     O Conselho Nacional do Café (CNC), em decorrência da pandemia do coronavírus (Covid-19) e atendendo a orientações e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos Governos Federal e do Distrito Federal (GDF), comunica que adotará regime temporário de trabalho remoto para preservar a saúde e o bem-estar de seus funcionários e contribuir com a não proliferação do vírus.

     A partir da próxima segunda-feira, 23 de março, o CNC contará com um plantonista no horário comercial, em sua sede de Brasília (DF), que ficará responsável pelo atendimento a associados e parceiros e fazer o direcionamento aos setores de interesse.

     Todos os demais profissionais da Equipe CNC trabalharão em regime home office e estarão disponíveis a associados, imprensa e público em geral, das 8h às 18h, assim como estarão à disposição para deslocamentos ao escritório havendo a necessidade de solucionar questões emergenciais.

     Em nome de todos os nossos associados, o CNC espera que a normalidade sanitária mundial volte o quanto antes e que nossa cafeicultura possa continuar servindo os cafés mais sustentáveis nas xícaras de todo o mundo.

     As informações partem da assessoria de comunicação do CNC.

     Edição: Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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