Porto Alegre, 24 de agosto de 2022 – A Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures US) para o café arábica encerrou as operações desta quarta-feira com preços acentuadamente mais altos. Os preços bateram nos níveis mais altos desde 02 de junho, e o mercado testou na subida a linha importante técnica e graficamente de US$ 2,40 a libra-peso.
Os ganhos estiveram ligados a fundamentos, aspectos técnicos e também financeiros. Nos fundamentos, cresce no mercado a indicação de que a safra de 2022 do Brasil pode ter ficado abaixo das estimativas anteriores. A produção foi muito prejudicada pelo clima seco e geadas em 2021 e era para ser de ciclo alto produtivo dentro da bienalidade cafeeira. A questão agora é que o rendimento pode ficar ainda aquém do que se imaginava.
E para a safra 2023 os temores são crescentes, porque as regiões enfrentam no geral falta de umidade prolongadamente. Para piorar, há relatos de que até houve recentes precipitações, mas essas podem ter gerado a abertura de floradas precoces, que devem ser abortadas pela falta de continuidade na umidade, prejudicando já a safra futura de 2023.
Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, os ganhos no petróleo, que volta a trabalhar acima da linha de US$ 100 o barril para o tipo brent, ajuda a puxar o índice de commodities CRB e serve de gatilho de alta para o café. A queda do dólar frente ao real também favorece a alta do arábica nova-iorquino. “Além desses fatores financeiros, o mercado também reflete o aperto na oferta do disponível. A queda na produção de suave da Colômbia e de robusta no Vietnã, nesse final de ciclo comercial, e os indicativos de que a safra brasileira de arábica pode ficar abaixo do esperado inicialmente, servem de suporte fundamental”, comenta.
O café ao romper importantes resistências ganhou força técnica de alta. “O reporte de floradas precoces, embora vistosas, trouxe mais pessimismo que otimismo, uma vez que os mapas não indicam chuvas ao longo das próximas semanas. E isso eleva o risco de abortamento. Assim, a primeira impressão em relação à próxima safra brasileira não é tão positiva como o mercado esperava”, adverte Barabach.
Os contratos com entrega em setembro/2022 fecharam o dia a 242,95 centavos de dólar por libra-peso, valorização de 12,30 centavos, ou de 5,3%. A posição dezembro/2022 fechou a 239,00 centavos, alta de 10,75 centavos, ou de 4,7%. Na máxima do dia, o contrato bateu em 240 centavos, mas não conseguiu superar este nível.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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