Porto Alegre, 03 de janeiro de 2025 – Após um 2024 de preços históricos para o café, com recordes nas Bolsas de Nova York para o arábica e na Bolsa de Londres para o robusta, e que se refletiram em cotações elevadas para o grão no Brasil, 2025 inicia também com boas perspectivas nas cotações. Importante salientar que 2024 para o produtor brasileiro foi de frustração na produção, abaixo da esperada, e que 2025 também tem um cenário de uma safra bem menor que o potencial.
O clima desfavorável trouxe grãos de arábica miúdos em 2024 e no conilon o rendimento decepcionou. Isso prejudicou os números finais da safra 2024. E a longa seca, com temperaturas elevadas, prejudicou também o potencial de 2025. Esse quadro, somado a outros fatores, levou as cotações a níveis elevados nas bolsas e no Brasil. Ou seja, a produção preocupa os produtores, mas é inegável que o mercado está muito favorável também para 2025, ao menos para o primeiro semestre, como destaca o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach.
Segundo ele, de forma geral, 2024 foi um ano de preços muito elevados, margens mais amplas para os vendedores e um fluxo de negócios cadenciado por parte dos produtores, que aproveitaram gradualmente a curva de alta nos preços. “Esse cenário não deve mudar no início de 2025. A expectativa de uma safra pequena de arábica no Brasil neste ano deve continuar a dar suporte aos preços. O dólar, mesmo sujeito a correções, tende a seguir valorizado em relação a outras moedas, especialmente ao real”, avalia o consultor.
Já os produtores, segue a análise, com 79% da safra atual já vendida, devem seguir na defensiva. “A dúvida em relação ao tamanho da próxima safra reforça esse comportamento, tanto no disponível como especialmente nas posições com safra nova”, adverte.
Barabach pondera que o mercado está sujeito a correções e ajustes, dado a influência financeira e o técnico esticado, mas uma alteração de comportamento mais drástica está condicionada a uma alteração na perspectiva de produção, que possa trazer maior tranquilidade ao abastecimento. “Essa mudança de narrativa pode ocorrer parcialmente com a chegada física da nova safra brasileira (pressão sazonal) ou com a indicação de uma safra grande do Vietnã no final do ano, afetando principalmente o robusta/conilon, mas só ganhará destaque efetivo ao longo do segundo semestre de 2025, quando o mercado começar a desenhar as expectativas em relação à safra de 2026”, avalia o consultor. No entanto, destaca que isso dependerá de condições climáticas bem mais favoráveis do que tivemos em 2024.
O comportamento do dólar, a produção de robusta no Vietnã e na Indonésia, e o comportamento da demanda mundial são fatores importantes que devem continuar influenciando a curva de preços do café ao longo de 2025, salienta Barabach. “Porém, o fator mais determinante, particularmente para o arábica, é o tamanho da próxima safra brasileira. A seca histórica que atingiu o Sudeste do país, afetando especialmente os estados de São Paulo e Minas Gerais, retirou energia das plantas, o que impossibilitou a sustentação da florada exuberante de outubro”, observa o consultor.
Safras & Mercado, de forma preliminar, trabalha com a ideia de uma safra de 38,35 milhões de sacas de arábica no Brasil em 2025/26. Comparando com safras anteriores, a projeção só fica acima do ciclo 2021/22, ano que além da perda de carga depois da colheita recorde de 2020/21, também foi afetado por seca e geada.
No caso do canéfora (robusta/conilon), o quadro é completamente distinto, e prevalece um otimismo em relação à próxima safra. As indicações apontam para uma produção entre 22 e 25 milhões de sacas, e Safras & Mercado trabalha preliminarmente com a estimativa de 24,10 milhões de sacas. “Apesar da colheita de canéfora começar mais cedo, o quadro também ainda está bastante em aberto, e o otimismo precisa ser confirmado com um clima favorável no início de 2025”, coloca Barabach.
Em linhas gerais, Safras indica um potencial de safra total de café no Brasil de 62,45 milhões de sacas em 2025/26, o que, mesmo com o avanço da produção de canéfora, representa uma queda de 5% em relação à safra colhida em 2024/25. O principal gargalo é justamente a produção de arábica, com queda estimada em 15%.
“A indicação de menor na produção em 2025 no Brasil associado a um cenário de estoques baixos e agressividade compradora cria uma instabilidade no equilíbrio entre oferta e demanda, ajudando a manter os preços do café sustentados. A indústria segue muito ativa no mercado, buscando formar estoques de proteção devido ao receio em torno do abastecimento futuro”, conclui Barabach.
Maiores informações, análises e estatísticas estão disponíveis em www.safras.com.br, na Plataforma Safras.
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Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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