Paralisação de frigoríficos em SC por Covid-19 preocupa Sindicarne

1330


     Porto Alegre, 26 de maio de 2020 – A paralisação de algumas unidades frigoríficas em Santa Catarina por conta de contaminações causadas pela pandemia de coronavírus tem trazido preocupação ao setor de carnes do estado, segundo o gerente executivo da Associação Catarinense de Avicultura e do Sindicarnes, Jorge Luiz de Lima, que concedeu entrevista à Agência SAFRAS.

     Lima destaca que o aumento do número de casos de coronavírus tem ocorrido não dentro dos frigoríficos, mas fora deles, por conta do processo de contaminação comunitária. “Os frigoríficos do estado, como JBS, BRF e Aurora adotaram protocolos de prevenção contra a doença com o uso de EPIs compatíveis aos usados em UTIs de grandes hospitais, seguindo orientações médicas do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Eles incluem o uso de botas, luvas, tocas, máscaras, entre outros, que tornam o ambiente dentro do frigorifico seguro”, explica.

     Lima disse que dentro das unidades os trabalhadores estão em um ambiente controlado, e que os casos de contaminação vêm sendo devidamente tratados pelas empresas, com as pessoas devidamente afastadas. “A insegurança jurídica com as decisões que vem sendo adotadas frente aos frigoríficos, com a interdição das unidades, preocupa o setor de carnes do estado, sob os pilares pessoal, da indústria e do campo”, sinaliza.

     Do ponto de vista pessoal, há uma grande preocupação quanto se tira as pessoas de ambientes protegidos frente ao coronavírus e quando essa ação é feita exclusivamente pelo estado. Um exemplo é o grande número de testes rápidos que vem sendo feitos para a doença e que tem dado resultados falso positivos. “Testes repetidos posteriormente por PCR mostram que o número de doentes dentro de universo é bem menor frente ao número demostrando nos testes rápidos”, afirma.

     Do ponto de vista industrial, Lima ressalta que o estado de Santa Catarina é o único do Brasil que possui o status de livre de febre aftosa sem vacinação e a paralisação de frigoríficos pela Covid-19 traz uma preocupação no sentido de possíveis fechamentos de mercado, com a perda de certificação para os mais de 150 mercados que o estado atende. “Neste sentido temos procurado atender aos questionamentos de todos os mercados para mostrar tudo o que está sendo feito e o que está acontecendo para que se mantenham esses países”, comenta.

     Dentro do aspecto campo, há uma grande preocupação por parte do Sindicarne com a queda de renda dos produtores integrados, o que pode trazer consequência à sanidade animal. “É por essa razão que as indústrias vêm adotando os mais rígidos protocolos desde mesmo antes da entrada da chegada da pandemia de coronavírus ao Brasil”, pontua.

     Lima não acredita que a decisão do estado estadual pela retomada gradativa do comércio após o fechamento inicial e as restrições adotadas no comércio tenha sido precipitada e facilitadora para a propagação do vírus pelo estado. “Vemos que o estado teve um aumento no número de casos, mas que o número de pessoas que estão sendo curadas tem aumentado também. As medidas visando a retomada de algumas atividades de comércio, com uma série de restrições visando a segurança das pessoas, foi positiva”, argumenta.

     Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

Copyright 2020 – Grupo CMA