Porto Alegre, 28 de fevereiro de 2020 – O mercado brasileiro de trigo teve novas recuperações de preços em fevereiro, confirmando as expectativas dos agentes. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, as cotações de referência no mercado doméstico sofreram reajustes positivos nas principais praças de comercialização do país, avaliando uma oferta reduzida tanto no âmbito doméstico quanto no Mercosul.
“O cenário de demanda internacional aquecida, levou a Argentina, principal fornecedora de trigo ao Brasil, a apresentar volumes superiores a 76% da produção já comercializados, representativamente acima da média para o mesmo período. Este volume é aproximadamente 95% dos excedentes exportáveis do país, ou seja, havendo pouco trigo ainda disponível para negociação”, disse.
O cereal restante é valorizado, elevando os custos de importação para a indústria brasileira. “Corroborando esta elevação dos custos de aquisição do trigo no mercado internacional está o dólar, que ao longo das últimas semanas vem apresentando consecutivas quebras de recordes de fechamento, impactando diretamente nas paridades de importação. Estes custos mais elevados para o trigo importado abrem espaços para recuperações também do trigo doméstico, o qual também não será suficiente para atender a demanda interna até o encerramento deste ano comercial”, explicou.
Levando em conta este cenário, o mercado ingressa no mês de março, com uma necessidade razoavelmente superior de novas aquisições, para manter os estoques alongados. Apesar disso, tanto a oferta doméstica quanto a disponível nos vizinhos do Mercosul é mais restrita, obrigando os moinhos a buscarem alternativas para seu abastecimento. “Gradualmente deverá haver o retorno dos agentes às compras, aumentando a liquidez do mercado nos próximos meses, e assim, possivelmente confirmando o viés de alta para o médio a longo prazo”, finalizou.
Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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