Crise afeta preços e logística de exportação para açúcar e etanol, indica SAFRAS

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    Porto Alegre, 26 de março de 2020 – A Pandemia de coronavírus provocou um choque no petróleo e está refletindo negativamente sobre os mercados de açúcar e etanol do Brasil. O analista de SAFRAS & Mercado, Maurício Muruci, observa que desde o início de março até agora, houve impacto principalmente para os preços do biocombustível, que perdem competitividade com a gasolina devido ao óleo mais barato e os cortes sucessivos nos preços da gasolina promovidos pela Petrobras.

      No mercado físico paulista, os preços do açúcar cristal caíram de uma faixa de R$ 80,00 reais a saca para R$ 77,00 a saca desde o início do mês, uma queda bem modesta na comparação com o derretimento do referencial externo, apesar da Bolsa de Nova York estar em modo de correção nos últimos dias, e agora os referenciais domésticos se estabilizaram, pelo menos.

     Muruci destaca que essa recuperação nas cotações internacionais do açúcar, ainda que tímida se comparada ao quanto que recuaram desde o início da pandemia, está diretamente ligada ao aumento dos custos dos fretes no Brasil e às dificuldades de carregamento de navios no Porto de Santos, o principal ponto de escoamento das commodities brasileiras para o exterior.

     “A recuperação em Nova York está ocorrendo porque o petróleo também reagiu, não porque os fundamentos do mercado de açúcar mudaram. Mais importante, a exportação brasileira está dificultada agora, com fretes mais caros para o Porto de Santos e os embarques menos fluidos, em meio a ameaças de paralisação de trabalhadores por conta do coronavírus, embora estas não tenham se concretizado. O fato é que a logística para a exportação está mais complicada agora”, assinalou.

     Queda nos preços do etanol deve persistir

     Os preços do etanol hidratado no mercado paulista despencaram e vão cair ainda mais por conta do choque do petróleo. Em Ribeirão Preto, o etanol hidratado tem preço agora 26% mais baixo na comparação com o preço de R$ 2,61 o litro do primeiro dia útil de março. Na terça-feira (24), a indicação de venda na usina foi de R$ 1,90 o litro.

     “Embora o petróleo tenha reagido desde os recordes de baixa, a Petrobras foi repassando para a gasolina os resultados da forte queda no óleo, e agora temos que esperar para ver o quanto desta queda será repassada ao consumidor final, o que é uma história completamente diferente.

     Mas hoje, por exemplo, as usinas estão totalmente fora do mercado, com preços nominais, porque ninguém sabe o quanto mais o etanol vai ter que cair para pelo menos se manter no nível de 70% do preço da gasolina, que caiu mais 15% na refinaria nesta quarta-feira. Assim, não vejo possibilidade de recuperação no mercado de etanol no horizonte”, enfatizou o analista da SAFRAS & Mercado.

     Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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