Preços do café arábica brasileiro se acomodam e conilon segue firme

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    Porto Alegre, 06 de setembro de 2024 – O mercado físico brasileiro de café apresenta comportamentos diferentes neste início de setembro para o arábica e conilon. Enquanto o café arábica dá sinais de acomodação do movimento de alta, o conilon mantém o tom firme, como destaca o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach.

    Segundo Barabach, no caso do arábica, as perdas na bolsa de Nova York são compensadas pela alta do dólar, fazendo o mercado andar de lado. Já os diferenciais levemente mais fracos no FOB porto podem pesar do lado negativo, analisa. A bebida boa do Sul de Minas inicia setembro cotada a R$ 1.430,00 a saca de 60 kg, o que corresponde a US$ 253,00 a saca. “Apesar da queda em comparação à semana passada, ainda é um patamar bem acima do mesmo período do ano passado, quando trocava de mãos em valores reais (deflacionados pelo índice IGP-M) a R$ 846,00 a saca. O preço praticado no mercado atualmente também está bem acima da média dos últimos 5 anos (R$ 933 a saca), o que reforça o momento favorável ao vendedor”, salienta o consultor.

     Ele observa que o fato é que o preço do café no mercado internacional já vem acumulando ganhos expressivos desde abril, quando a falta de chuva comprometeu as floradas e o potencial da próxima safra de robusta do Vietnã. “A bolsa de Londres disparou e puxou para cima o arábica. A safra menor que a esperada no Brasil reforçou os ganhos no terminal de NY e levou a uma mudança drástica no comportamento da indústria mundial, que apareceu mais no mercado buscando recompor o nível de seus estoques”, aponta.

No caso da indústria da União Europeia, coloca Barabach, ainda havia o agravante da preocupação gerada com a entrada em vigor em 2025 do EUDR (Regulamento U.E para Produtos Livres de Desmatamento). Isso resultou na formação de estoques de proteção. “Em resumo, as perdas produtivas e o corte na oferta acabaram pegando o comprador desprotegido, o que acelerou o fluxo de compras e ajudou a dar consistência à alta nos preços internacionais”, indica.

No entanto, como avalia Barabach, o preço do café já subiu bastante, o que tem gerado queixas do lado do comprador. “A dificuldade em repassar a alta dos preços, associada a uma posição mais confortável das reservas, fez a indústria tirar um pouco o pé, o que acabou mexendo com a liquidez do mercado. O reflexo foi a dificuldade em sustentar ganhos mais expressivos”, comenta. Destaca que isso fica bem claro no comportamento dos preços ao longo do mês de agosto, especialmente na dificuldade de sustentar ganhos mais expressivos.

As bebidas mais finas são negociadas entre R$ 1.495 e R$ 1.500 a saca, algo em torno de US$ 265 a saca, e seguem valorizadas. O consultor de Safras avalia que a escassez de lotes de café com peneira mais graúda continua sendo um diferencial desta temporada. O quadro é pior no Sul de Minas, onde o percentual de peneira graúda não supera os 15% da produção, bem abaixo dos 30% a 35% normais. Cenário similar descrito por Barabach na Mogiana paulista, onde esse percentual gira entre 15% e 18%. Na região do Cerrado de Minas, o percentual sobe para 20%, talvez 25%. Mesmo assim, bem abaixo do normal. Já na região das Matas de Minas, o percentual de peneira mais graúda gira entre 25% e 30% da safra, mais próximo do normal, mas ainda abaixo. “Uma safra mais miúda explica o diferencial valorizado para as descrições com peneira 17/18 na exportação”, conclui.

Exportações

      As exportações brasileiras de café em grão em agosto de 2024, contando 22 dias úteis, totalizaram 3.451.183 sacas de 60 quilos (média diária de 156.872 sacas), com receita chegando a US$ 872,349 milhões (média diária de US$ 39,652 milhões), e preço médio de US$ 252,77 a saca.

    A receita média diária obtida com as exportações de café em grão em agosto foi 33,5% maior no comparativo com a média diária de agosto de 2023, que foi de US$ 28,420 milhões. Já o volume médio diário embarcado foi 27,3% maior que o de agosto de 2023, que tinha o registro de 143.095 sacas diárias de média. O preço médio, por sua vez, subiu 27,3% no comparativo com agosto de 2023. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

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     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Safras News

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